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Pesquisadores de MS vencem o prêmio Peter Murányi

O prêmio é destinado para quem tenha se destacado na descoberta ou progresso científico, que beneficie o desenvolvimento e bem estar das populações

A equipe interdisciplinar, liderada pela Profa. Dra. Léia Teixeira Lacerda Maciel, psicóloga e historiadora, docente da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Professor MSc. Giovani José da Silva, historiador e antropólogo, docente da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/ Campus de Nova Andradina (UFMS/ CPNA) e pela Professora Giani Ramona da Silva, administradora de empresas e professora de Matemática, docente vinculada à Rede Pública Estadual de Ensino e ao SESI – Unidade Três Lagoas, será premiada hoje (29), em São Paulo. Trata-se do Prêmio Péter Muranyi 2009 – Educação e esta é a oitava edição do certame, que tem, entre os vencedores, renomados pesquisadores brasileiros.

Fundação Peter Murányi

A Fundação Peter Murányi tem por finalidade principal promover, anualmente, a concessão de prêmio destinado à pessoa física ou jurídica, entidade particular ou pública, de qualquer parte do mundo, que mais tenha se destacado na descoberta ou progresso científico, que beneficie o desenvolvimento e bem estar das populações situadas abaixo do paralelo 20 de latitude norte, especialmente o Brasil, seja no tocante à saúde, alimentação, educação ou desenvolvimento científico e tecnológico, na forma do regulamento do prêmio; podendo ainda, como finalidades secundárias, patrocinar outras atividades que contribuam para atingir a finalidade principal, bem como, promover e patrocinar quaisquer outras atividades culturais e assistenciais.

O Projeto vencedor, intitulado, EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E PREVENÇÃO DAS DST/ AIDS EM ESCOLAS INDÍGENAS DO PANTANAL DE MATO GROSSO DO SUL, BRASIL têm visado a realização de oficinas de Educação Preventiva entre jovens e adultos indígenas, moradores do Pantanal de Mato Grosso do Sul. Até o momento os trabalhos ocorreram entre indígenas Terena, da aldeia Limão Verde (Aquidauana), indígenas Kadiwéu, Kinikinau e Terena, da Reserva Indígena Kadiwéu (Porto Murtinho) e indígenas Guató, da aldeia Uberaba (Corumbá), com uma abrangência estimada de 20.000 pessoas afetadas direta e/ ou indiretamente.

Coube aos autores do Projeto a coordenação das oficinas e o acompanhamento do processo de elaboração de material escrito. Com o presente trabalho, espera-se que o conhecimento a respeito das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da AIDS transforme-se em atitudes preventivas, ou seja, que a informação se incorpore à formação dos indígenas.
O uso de material escrito que expressa a visão de Educação e Saúde dos indígenas e das relações com as culturas nativas, as aldeias, o território, a região, faz com que os indígenas se reconheçam, pois afinal passam a se referir ao que eles vêem, vivem e sentem cotidianamente, em sua vida privada. Isso significa utilizar as escolas indígenas como espaços de fronteiras onde as trocas acontecem e as tradições de pensamento ocidentais que geraram o processo educativo nos moldes escolares e as tradições indígenas, com suas especificidades, formam as múltiplas formas de conhecer e pensar o mundo.
Para grupos humanos que possuem diminuta população e estão frequentemente em contato com as doenças do mundo contemporâneo, projetos dessa natureza são de grande impacto social e responsáveis pela melhoria global da qualidade de vida, podendo ser replicados em outras situações, respeitando-se as peculiaridades de cada comunidade.

A perspectiva de futuro da equipe é de continuar trabalhando com a Educação Preventiva, pois o cenário escolar é um lócus privilegiado para se tratar das questões relacionadas à prevenção das DST/ Aids, bem como da sexualidade (transversalizadas por discussões sobre gênero e etnia), para um público de indígenas, homens e mulheres, com idade igual ou superior a 15 anos. Dada a relevância do tema, a escassez de materiais sobre sexualidade e Educação Preventiva entre indígenas no Brasil e pela experiência já acumulada pela autora e co-autores do Projeto, justifica-se a premiação conferida, além da disponibilidade das comunidades em realizar os encontros, por entender ser importante a informação que garanta a sobrevivência física e cultural das sociedades indígenas.