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Opinião

O crime está solto

Assaltantes invadem residência no Carandá Bosque, mantêm empregada trancada no banheiro e levam DVD, celulares e jóias.
Facínoras esperam pecuarista abrir a garagem, levam camionete, cartões de crédito e obrigam a vítima a fazer saques pela cidade.
Bandidos assaltam residência no bairro Cachoeira, ferem empregada na cabeça e fazem uma limpeza em equipamentos, celulares e bens pessoais.
Professora sofre seqüestro-relâmpago e passa horas de terror fazendo saques em caixas eletrônicos.
Fazendeiro tem veículo tomado por criminosos e é obrigado a chamar vizinho, que também é assaltado.
Advogada, a caminho do aeroporto, é rendida por três pilantras, perde celular, computador, veículo e dinheiro.
Assaltantes rendem vigias, entram na casa do Prefeito Nelson Trad Filho e o mantêm sob mira de revólveres por várias horas.
Estamos no fim dos tempos. Eles, os bandidos, estão nas ruas. Nenhum desses malandros foi capturado. Os bens não são recuperados. Nossas casas estão à mercê de qualquer um que nos queira ferir ou humilhar.
Os servidores públicos que nos deveriam proteger ou pelo menos inibir a atividade da criminalidade urbana estão gozando seus vencimentos, suas aposentadorias, seus fundos de pensão, seus pequenos negócios.
Hoje tem funcionário público com lanchonete, dancing-club, pastelaria, locadoras de vídeo, representações de Natura, Amway e Avon, entre outros bicos, teoricamente, para aumentar a renda, mas, na verdade, para nos tomar o tempo de expediente a que temos direito.
Em meu livro “Cidadão de Festim”, editado em 2005, apontei esses direitos que estão na Constituição, mas a que não temos acesso. Temos direito à segurança, mas precisamos de olho-mágico, cerca elétrica, vigilância armada, seguro, carro blindado e alarmes de todo tipo.
Temos direito à saúde, mas sem Unimed você morre nos postos de saúde, sem médico, sem remédios, sem exames de laboratório.
Direito à educação, se você tiver como pagar mensalidade escolar em estabelecimento particular, comprar livros caríssimos, alojamento, computador e, mesmo assim, é grande a possibilidade de ter um engenheiro ou advogado desempregado em casa.
O assalto ao prefeito não vai melhorar a segurança. O mais provável é que assaltem o governador também. Estamos ao léu. Ao menos nos dá espaço para reclamar mais uma vez esse descaso do serviço público.

João Campos é advogado especialista em Direito do Consumidor