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Opinião

Trânsito sem motoristas

A esquizofrenia no trânsito das grandes cidades e a estúpida idéia de fabricar mais e mais carros para sustentar nossa economia não deixa saída: violência e acidentes crescerão proporcionalmente, assim como o estresse geral. Do mesmo jeito vai haver mais poluição sonora, do ar e outras consequências, como o aumento das despesas com saúde pública e um enlouquecimento do clima do planeta. Não fosse a falta de inteligência no emprego de recursos do Estado e falta de vontade, já teríamos solucionado o problema. A tecnologia está aí e pode ser usada para isso. Através de uma convergência de incríveis recursos tecnológicos que já existem, podemos pelo menos sonhar com o fim da loucura do trânsito. Imagine veículos automotores que jamais colidiriam. Seria o fim do estresse nas ruas. Aqui e ali várias dessas tecnologias já estão sendo usadas e poucos percebem.
Os automóveis têm sensores que advertem o motorista sobre a distância entre os parachoques e os obstáculos. Também existem os GPS, que localizam destinos e encontram os caminhos mais curtos. Pois bem, a junção dessas tecnologias com mais meia-dúzia de outras pode muito bem compor um sistema integrado de trânsito, gerido por um ou mais computadores que decidiriam, sem inferferência humana, todos os movimentos do veículo. O investimento seria absurdamente alto e ainda precisaríamos adaptar todos os automóveis. Mas parece ser uma solução bem razoável, que já está em estudos em vários lugares, inclusive nos laboratórios da Audi, em Los Angeles, EUA.
A propósito, São Paulo deverá ser uma das primeiras cidades do Brasil a cumprir a resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) Nº 212/06, que dispõe sobre a implantação do Sistema de Identificação Automática de Veículos (SINIAV) em todo o território nacional. O SINIAV é um sistema composto por placas eletrônicas instaladas nos veículos, antenas leitoras, centrais de processamento e sistemas informatizados. A partir desse Sistema, ficará mais fácil fiscalizar e identificar os veículos que circulam. O objetivo é dar mais segurança dos cidadãos, aperfeiçoar a gestão do tráfego e a fiscalização de veículos. No caso de São Paulo, espera-se reduzir a inadimplência no pagamento de IPVA, licenciamento e multas. No futuro será possível autuar condutores por excesso de velocidade a partir dos dados fornecidos. É o começo de tudo.
O futuro do trânsito motorizado é entrar em um veículo e ser conduzido pela máquina ao invés de conduzir. Nenhum problema com motoristas que dormem ao volante ou que dirigem bêbados. Bastará embarcar e relaxar. Os apressadinhos, que ironia, terão de ir de bicicleta.

Fabio Riesemberg é jornalista. (paracima@gmail.com)