Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Vítimas de abuso terão tratamento especial

A proposta é criar meios de que a criança ou adolescente conte a história uma única vez

Uma parceria entre a Rede de Proteção aos Direitos da Criança e do Adolescente e a Faculdade Aems pode reduzir os índices de revitimização de crianças e adolescentes vítimas de violência em Três Lagoas.

O projeto é encabeçado pelo Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes (Comsex) e visa diminuir a quantidade de vezes que a criança conta o abuso às autoridades policiais.

Via de regra, uma criança que sofre abuso segue esta linha: conta para a mãe, ou professor. Em seguida, ao Conselho Tutelar, à Polícia Militar, depois para o escrivão da polícia civil, para o delegado e, se necessário, ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao juiz.

De acordo com Vilma, o projeto prevê a criação de um único espaço, de preferência fora das delegacias de polícia, onde a criança possa repetir a história uma única vez, no máximo duas.

O depoimento seria coletado apenas por duas pessoas na sala: uma assistente social e uma psicóloga, previamente capacitadas para a ação. Em outra sala interligada, estariam todas as pessoas ligadas à rede. “A nossa idéia é criar uma sala como aquelas de identificação de bandidos, onde a criança não iria ver a quantidade de pessoas que estão ouvindo-a também. Com isto, ela ficaria mais à vontade e sofreria menos”.

Outro ponto do projeto seria o fechamento de possíveis brechas para advogados de defesa dos agressores. “A criança, de tanto repetir a mesma história, acaba esquecendo de alguns detalhes. É uma forma de preservação. Ela leva a agressão, o trauma, para o subconsciente, e muitos advogados se aproveitam disso”, completa Vilma.

A presidente explica que o projeto já foi adotado em Curitiba e que, em Três Lagoas, vem sendo discutido há cinco anos.