A psicóloga e pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Anecy de Fátima Faustino Almeida, doutora em Tocoginecologia, alerta pais e responsáveis para o risco de exposição excessiva de crianças e adolescentes, em Três Lagoas.
De acordo com ela, brincadeiras, a princípio, sem maldades, de alguns familiares são fatores predominantes para a erotização dessas crianças, podendo até transformá-las em vítimas ou até agressores. Ela exemplifica: “São brincadeiras simples, como por exemplo, tirar foto dos filhos nus ou seminus e sair mostrando para os amigos. Isto é um atrativo para possíveis pedófilos ou até mesmo transformá-la em um exibicionista no futuro”, explica.
Ela completa a informação dizendo que, atualmente, de 70% a 80% dos crimes contra crianças e adolescentes são praticados por pessoas conhecidas da criança.
MENINAS E MENINOS
Outro ponto importante citado por ela é a forma de se vestir das adolescentes.
Atualmente, não é raro ver pré-adolescentes com roupas curtas, maquiagem e salto alto. No entanto, Anecy alerta: “Além das roupas decotadas, curtas, salto altos e maquiagem. Os pais, muitas vezes, também permitem que as filhas aprendam danças que imitam movimentos de sexo. Isto, também se torna um atrativo para os abusadores”, alerta.
Questionada sobre o porquê dessa postura dos pais, a pesquisadora, que possui livro publicado sobre adolescentes, explica: “Para o pai, trata-se da menininha dele. Ele acredita que ela nunca terá relações sexuais naquela idade. Ele não vê maldade. Mas os outros veem”.
A situação ainda é mais grave quando se trata de crianças e adolescentes do sexo masculino. Anecy cita exemplos de pais que ensinam os meninos a “passarem a mão na coleguinha de creche”. O objetivo, conforme a pesquisadora é fazer com que eles virem “machos”. “E não estou falando de uma realidade distante. Temos casos aqui em Três Lagoas, de meninos que abusam até mesmo da professora. Hoje ele é apenas repreendido verbalmente, mas quando crescer ele vai continuar tendo essas atitudes e pode até se transformar em um criminoso”.
Os exemplos não param por aí. A pesquisadora também explica casos em que os pais obrigam os filhos a assistirem filmes de adultos. “Isto sem contar situações mais extremas, onde familiares, ou até mesmo os pais tocam seus filhos nas genitálias ou outros locais. Por mais inocente que seja o toque, mesmo inconscientemente, os pais estão abusado dos filhos. Isto não quer dizer que os pais não possam mais tocar nos filhos. O carinho deve acontecer, a diferença está no local onde o toque acontece”.
Para a psicóloga, o maior método de evitar que a criança seja vítima de abuso de outra criança – e até de adultos – é ensinar à criança que ela só deve ser tocada por um estranho na hora da limpeza e para tratar de ferimentos, tirando essas situações, ela deve contar para a mãe.
“Os pais devem estar alerta, sempre. Já que qualquer problema, qualquer sinal de abuso que a criança sofrer, só irá se manifestar na fase adulta e pode afetar a vida dela para sempre”.
