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Mais de 5 mil funcionários aderem a demissões voluntárias dos Correios

O prazo para as adesões terminou na sexta-feira

Pelo menos 5.371 funcionários aderiram ao programa de demissões voluntárias (PDV) aberto pela Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) e serão dispensados a partir do dia 1º de junho. O custo do PDV alcançará R$ 351 milhões, mas a estatal prevê que essa despesa terá sido amortizada em 11 meses. O prazo para as adesões terminou na sexta-feira.

Hoje os Correios têm uma folha salarial que chega a R$ 6 bilhões (com encargos) e foi inchada pela greve dos carteiros de 2008, que culminou na concessão de um adicional de risco 30% nos salários da categoria, além de abono de R$ 260 a 16 mil funcionários. A economia a ser feita com o PDV praticamente reverte o aumento da folha provocado pelos reajustes salariais do ano passado, que foi estimado em cerca de R$ 380 milhões.

Poucas horas antes de ter expirado o prazo, as 5.371 adesões haviam abrangido 23% do público alvo do programa – um total aproximado de 23 mil funcionários com dez anos de experiência e idade mínima de 50 anos. A ECT tem 115 mil empregados em todo o país, na rede própria, desconsiderando trabalhadores de agências franqueadas – sem vínculo empregatício com a estatal.

Apesar dos resultados positivos no médio prazo, o PDV deverá afetar negativamente o balanço de 2009. Sem incluir as despesas com indenizações trabalhistas, a ECT deve repetir o lucro operacional pelo terceiro ano seguido – desta vez, ele ficaria em torno de R$ 40 milhões.

O presidente da estatal, Carlos Henrique Custódio, destaca que a receita subiu 8,4% nos quatro primeiros meses do ano e chegou a R$ 3,8 bilhões. " Em um momento de crise, parece que a nossa tradição e credibilidade tornam-se atrativos naturais " , diz ele, responsável pela difícil missão de resgatar a imagem dos Correios após a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que abalou o país em 2005.

A estatal conseguiu recuperar clientes em marketing direto e fechou contratos importantes em outros segmentos, como o de R$ 31 milhões por ano com a prefeitura de São Paulo, para a distribuição de leite em pó a alunos da rede municipal. Também houve um aquecimento na entrega de encomendas em geral, apesar da crise. " O mercado doméstico explica os bons números do primeiro quadrimestre " , diz Custódio, ainda confiante em uma alta de 10% na receita total da ECT sobre 2008, com a melhora do cenário econômico no segundo semestre.

Em 2007, deixando para trás a tendência de resultados desfavoráveis, os Correios voltaram ao azul. No ano passado, registraram pelo segundo período consecutivo lucro com as atividades postais, que chegou a R$ 120 milhões. Os seguidos desempenhos positivos chamaram a atenção de empresas de outros países, estatais e privadas. A USPS, Correio dos Estados Unidos, que é uma empresa pública, demonstrou forte interesse no " Exporta Fácil " , um dos serviços mais bem-sucedidos da estatal brasileira, que permite a exportação de produtos com valor de até US$ 50 mil.

Custódio, um executivo mineiro egresso da Caixa Econômica Federal, chegou à estatal após o fim da CPI dos Correios e vem tentando dar um caráter totalmente técnico à gestão, apesar de a maioria dos cargos de diretoria e de confiança serem da cota do PMDB, principal aliado do governo Lula.

Recentemente, a Infraero profissionalizou a gestão. Dos mais de 100 assessores em cargos comissionados, quase todos afilhados políticos de parlamentares, sobraram 12. Custódio admite que a ECT ainda não está preparada para corte semelhante. Sua maior preocupação, no momento, é elaborar um modelo de negócios para o futuro dos Correios. Um grupo interministerial, com representantes da estatal, da Casa Civil e dos ministérios das Comunicações, Planejamento e Fazenda, trabalha no assunto e está perto das conclusões.