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Três Lagoas

Superação além da visão

Nathan e Pâmela foram campeões no Grand Prix de Judô para Cegos e Deficientes Visuais no RJ

“Subi mais um degrau da minha vida” e “aprendi que na luta assim como na vida você deve ir em frente” são afirmações de Nathan de Freitas Relíquias e Pâmela Mathias, respectivamente. Os dois adolescentes de 13 anos são deficientes visuais e conquistaram o título de campeões brasileiros no Grand Prix de Judô para Cegos e Deficientes Visuais.

O campeonato aconteceu na sexta (22) e no sábado (23) em Niterói (RJ).
Nathan conquistou o primeiro lugar na categoria B1 masculino (cego total) com mais de 53 quilos. Já Pâmela alcançou o primeiro lugar na categoria B2 feminino (vestígios de visão) com até 53 quilos.

Ele é faixa azul e ela é faixa cinza no Judô. Ele perdeu totalmente a visão aos sete anos de idade em virtude de um tumor no nervo óptico. Ela foi perdendo a visão gradativamente em função de uma toxoplasmose que herdou da mãe, atualmente ela enxerga apenas 5%, ou seja, só vê vultos.

O TREINADOR

O percussor dessa vitória é o professor Gleisson Batista Sobrinho que durante sua formação voltou os olhos para aqueles que não enxergam. “Há uns cinco anos atrás, quando ainda cursava Educação Física em Andradina (SP) vi uma reportagem no programa Esporte Espetacular de judocas cegos, desde então decidi que era com essas pessoas que eu gostaria de trabalhar”, contou. A monografia de Sobrinho teve como título “Judô Cego”. Recém formado, decidiu que iria em busca de pessoas com deficiência visual em Três Lagoas e montaria sua academia com este intuito. Nathan foi seu primeiro aluno, logo em seguida conquistou Pâmela.

JUDÔ E SUPERAÇÃO

Pâmela é irmã adotiva de Marcelo Mathias França e após a morte da mãe de ambos a garota entrou em um período muito difícil de sua vida. “Minha mãe faleceu e eu precisava procurar uma saída para tirar ela da depressão, foi quando conversei com Gleisson e começamos a treinar Pâmela no Judô”, contou Marcelo, completando que após quase sete meses de treino ela começou a melhorar.

Para o pai de Nathan, o maestro Luiz Carlos Relíquias da Silva, o esporte calhou muito bem com o crescimento pessoal de seu filho. “O judô foi essencial para o processo de crescimento do meu filho com relação à cegueira que veio após o surgimento do tumor”, disse Relíquias.

ELE E ELA

“Aprendi muita coisa nesse campeonato, uma delas é que devemos realmente levar o Judô a sério, isso não é uma brincadeira, por isso vou seguir em frente”, emocionou-se Pâmela que tremia durante a entrevista.

“Eu me senti um campeão e de agora em diante quero ganhar todos os outros campeonatos e assim subir mais degraus em minha vida”, destacou Nathan.