As recentes mudanças na legislação ambiental brasileira têm deixado as Ongs (Organizações Não Governamentais) em alerta por todo o país. Entre as alterações que mais preocupam estas entidades estão: a MP (Medida Provisória) 458, que regulamentará a posse de terras na Amazônia, a revogação de uma lei de 1990 que protegia cavernas e a reforma do Código Florestal Brasileiro, que, aliás, é o que mais revolta os ambientalistas do Estado.
A bióloga Liliane Lacerda, coordenadora do Instituto Águas da Serra da Bodoquena, destaca que uma mudança do Código pode ter um grande impacto na biodiversidade de Mato Grosso do Sul.
Segundo a pesquisadora, há a proposta de que as matas ciliares sejam consideradas como reservas legais das propriedades. Desta forma, se uma fazenda tem um curso de água o dono poderá derrubar os 20% (percentual exigido em MS como reserva legal) de floresta nativa, desde que a mata ciliar preservada seja equivalente aos 20%.
A ambientalista ressalta que as reservas formam corredores ecológicos por onde os animais circulam e mantêm a diversidade genética. Ela alerta que com o fim dos fragmentos de floresta nativa, pode-se perder espécies de uma região, tanto da flora quanto da fauna.
Segundo Liliane, o interesse da bancada ruralista em Brasília é o de aumentar a área de aproveitamento agrícola.
Cavernas
Outra medida, já adotada pelo governo federal, e deixou os ambientalistas revoltados, especialmente os da região de Bonito e de Bodoquena, foi a que permitiu a destruição de cavernas e grutas, desde que uma haja um motivo econômico justificável e que outra equivalente seja preservada.
A MP 458, que deve ser assinada pelo presidente Lula no próximo dia 25, vai permitir que grileiros comprem terras da União em condições muito favoráveis. A idéia inicial era garantir tranquilidade aos pequenos grileiros que foram atraídos há muitos anos para a região Amazônica com a promessa de prosperidade.
Porém, a Medida foi ampliada e beneficia grileiros de grandes extensões (até 1.500 hectares) e que se instalaram até 2004.
Para tentar conscientizar a população 27 Ongs, nacionais e internacionais, assinaram uma nota de repudio pontuando cada um das medidas aprovadas pelo governo federal que vão prejudicar o meio ambiente.