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Polícia

26 pessoas já foram assassinadas esse ano

O medo da população de testemunhar ainda é o maior vilão do trabalho da polícia para identificar os autores dos crimes

Metade dos crimes de homicídio registrados neste ano ainda não foi solucionada pela polícia. A investigação dos policiais para solucionar os crimes esbarra muitas vez no medo da população em testemunhar de quem são os autores.

Conforme levantamento preliminar da Delegacia Regional, do começo do ano até ontem foram assassinadas 26 pessoas em Três Lagoas. Nesse período ocorreram três latrocínios e também um duplo homicídio.

 “Nos crimes já solucionados, ou seja, quando o autor é identificado, a estimativa é que mais de 50% dos acusados tenham sido presos”, completa o delegado regional, Vitor José Fernandes Lopes.

De acordo com ele, exceto pelos crimes passionais (familiares) e por brigas, boa parte dos crimes de Três Lagoas estão relacionados ao tráfico de drogas. “Nos casos de execuções, por exemplo, – tipo de assassinato que aumentou consideravelmente neste ano -, quase todos estão relacionados à droga”, explica.

Neste ano, oito pessoas foram executadas em Três Lagoas. Destes crimes, três foram solucionados pela polícia, como aponta levantamento realizado pelo Jornal do Povo. Entre estes, o caso solucionado recentemente é o do duplo homicídio dos irmãos Freitas Machado, executados no dia 5 de abril, no Ipacaraí, cujo autor foi preso no dia 27 de maio.

“Os crimes de execução são diferentes. O autor vai com a intenção de matar, por conta disto, se acerca de meios para não ser identificado com facilidade”, completa. Outro tipo de crime pouco comum na Cidade que neste ano chamou a atenção é o latrocínio (roubo seguido de morte). Foram três registrados neste ano: Antônio Carlos Ferreira, 22 anos, encontrado morto no bairro Jardim dos Ipês após ter sido roubado, no dia 19 de março, e o do Marco Antônio Soquel da Costa, cabeleireiro assassinado após reagir a um assalto no dia 22 de maio, e o mais recente deles: o homicídio de José Pereira da Silva, 50 anos, ocorrido na noite de quinta-feira (18). 

MEDO

Para o delegado, o medo de denunciar é o maior vilão do trabalho de investigação. Muitas vezes o receio das testemunhas de se envolver faz com que o trabalho da polícia seja prejudicado. “Vendo o lado da testemunha é compreensível. Mas é importante que a população saiba que ela pode ajudar a polícia anonimamente. Quando a pessoa tem informações sobre um crime, ela pode nos procurar sem ser identificada para colaborar, para que a polícia possa prender o culpado”, disse.

O delegado explica ainda que a falta de estrutura também influência diretamente no trabalho da Polícia Civil. “Hoje, nós temos apenas um setor de investigação para atender o imenso volume de casos a serem investigados por toda a Cidade. Não há como a equipe se dedicar exclusivamente aos homicídios, embora estes sejam priorizados”, explicou.

Para Lopes, a criação de delegacias especializadas colaboraria nas investigações. Em Campo Grande, por exemplo, já são pelo menos cinco delegacias especializadas (Criança e do Adolescente, Homicídios, Roubos e Furtos, de Tráfico, e outras). “Três Lagoas, assim como outras cidades do interior como Dourados, por exemplo, já comporta uma delegacia especializada”, completou.

CALMARIA

No entanto, uma notícia serviu para animar o três-lagoense, que antes vivia assustado com os índices de violência. Após meses registrando um homicídio a cada cinco dias, Três Lagoas ficou mais de 20 dias sem registros de assassinatos. O ciclo de calmaria foi quebrado na noite de quinta-feira (18). “O que estávamos vivendo era um período anormal, a expectativa é de que retorne à normalidade. Aliás, já está acontecendo”. A “normalidade” citada pelo delegado pode ser exemplificada por meio de uma pesquisa. Segundo ele, há um estudo que diz que o esperado para um Município são 30 homicídios para cada 100 mil habitantes, por ano. No ano passado, Três Lagoas registrou 28 homicídios. Neste ano, num período de apenas seis meses, o número aumentou para 26 crimes, entre homicídios e três latrocínios,sendo: janeiro (6); fevereiro (3); março (5), abril (6), maio (4) e junho (1).