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Sejusp, OAB e universidades entregam em julho ao TJ projeto inédito

O projeto pede para que acadêmicos do curso de Direito analisem processos e façam a contagem de tempo de pena dos detentos

No próximo mês, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e universidades entregam ao Tribunal de Justiça um projeto para que acadêmicos do curso de Direito analisem processos e façam a contagem de tempo de pena dos detentos do sistema carcerário de todo Mato Grosso do Sul. “Estamos propondo ao Judiciário um projeto para que os presos possam ter não só a progressão de pena, mas também a liberdade de forma mais rápida, liberando vagas nos presídios”, explica o superintendente de Políticas Penitenciárias da Sejusp, Aloysio Franco de Oliveira, após reunião hoje (23) entre as entidades envolvidas.

De acordo com o superintendente, a iniciativa partiu da OAB e já teve adesão da universidade Anhanguera – Uniderp, de Campo Grande, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e da Faculdade Santa Tereza Salesiana, de Corumbá. “Além de minimizar um problema sério que é a contagem de pena já cumprida pelos presos, os acadêmicos também estarão fazendo estágio supervisionado”, conta, lembrando que o cálculo da pena cumprida não é simples já que também envolve a remissão da pena nos casos de presos que trabalham ou estudam.

Para o presidente da OAB/MS, Fábio Trad, o problema prisional é de responsabilidade de toda a sociedade, que deve se unir, somando esforços para tentar solucionar ou minimizar a questão. “Hoje, o cálculo de liquidação de pena leva muito tempo para ser feito e isso poderá ser abreviado consideravelmente. Esse projeto pode ser referência nacional. A idéia é levar os processos até os Núcleos de Práticas de Jurídica das universidades, onde há todo um acompanhamento de professores e orientadores capacitados”, avalia.

O coordenador do Núcleo de Prática Jurídica (Prajur) da Anhaguera Uniderp, Marcelo Salomão, afirma que o projeto trará vários benefícios aos acadêmicos que vão ter o conhecimento técnico dos processos na contagem de tempo. “Para a universidade o projeto como inovador e, com certeza, os resultados serão acima do esperado. Temos a mão-de-obra, que é o acadêmico, e também a matéria prima, que é o conhecimento do Direito”, ressalta.  O  Prajur conta com 1.167 acadêmicos de Direito a partir do 7º semestre e 25 preceptores/orientandores.

Penas alternativas

Durante a reunião, os participantes também discutiram as penas alternativas como forma de reduzir a superlotação nos presídios do Estado. Esse ponto também deve ser apresentado ao Poder Judiciário. De acordo com a Sejusp, 45% dos presos cumprem pena de um a quatro anos de prisão ou são provisórios. “Estudos comprovam que penas alternativas, nesses casos, apresentam melhor resultado”, explica Fábio Trad.

Atualmente, Mato Grosso do Sul tem 12,5 mil presos, sendo 11 mil no sistema penitenciário e 1,5 mil em delegacias. Do total de presos, 3.798 cumprem pena por crimes relacionados a drogas, sendo que 645 por tráfico internacional de drogas.