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Três Lagoas

Aterro Sanitário: quase pronto para funcionar

Prefeitura de Três Lagoas investiu R$ 4,6 milhões em aterro

O aterro sanitário de Três Lagoas está quase pronto para começar a funcionar. Nesta semana o Instituto do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul) deve expedir a licença de operação do aterro.

Localizado no quilômetro 9,5 da rodovia MS-395, o local que até então era apenas um “lixão” será inaugurado na próxima terça-feira (30), às 9 horas da manhã. Segundo o secretário municipal de Obras, Getúlio Neves, toda a parte estrutural do aterro já está pronta para começar a funcionar. “Já passamos por dois processos para o aterro se tornar realidade, a Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI), só falta o Imasul conceder a Licença de Operação (LO), prevista para sair ainda nesta semana”. O investimento custou para o município R$ 4.621.837,63.

A empresa responsável por construir e gerir todo o aterro sanitário do município é a mesma da coleta de lixo, a Financial Ambiental Ltda. Segundo o projeto base da Financial o aterro foi arquitetado para um período de cinco anos (na primeira etapa) e na fase final (segunda etapa) para um período de mais cinco anos – totalizando um horizonte de projeto final de 10 anos.

O engenheiro ambiental da Financial, Fabiano do Amaral Carvalho afirmou que são coletadas 90 toneladas de lixo por dia em Três Lagoas. Todo início de semana as 90 toneladas saltam para até 130 toneladas. Considerando estatísticas nacionais, cada pessoa chega a consumir um quilo de lixo diariamente. “Acreditamos que o município possui muito mais habitantes do que o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou (. Pelo lixo consumido a cidade tem muito mais do que 100 mil habitantes”, destacou.


O engenheiro figurou que o lixo revela muito sobre uma sociedade e suas desigualdades. “O lixo está completamente ligado ao dinheiro. Bairros com renda maior, há mais lixo, bairros com renda menor há menos lixo”, concluiu.


O QUE É UM ATERRO SANITÁRIO?

O aterro sanitário é um espaço destinado à deposição final de resíduos sólidos gerados pela atividade humana. No local serão dispostos resíduos domésticos, comerciais e de serviços de saúde.

Um aterro sanitário é constituído por um sistema de drenagem de efluentes líquidos percolados, mais conhecidos como chorume, acima de uma camada impermeável de polietileno de alta densidade (PEAD), sobre uma camada de solo compactado para evitar o vazamento de material líquido para o solo, evitando assim a contaminação de lençóis freáticos.

O chorume, passa por caixas de drenagem e é recirculado (reinserido ao aterro) causando assim uma menor poluição ao meio ambiente. “Esse chorume passará por três caixas específicas de decantação, uma espécie de círculo vicioso, transformando-se num material inerte à natureza”, disse Getúlio Neves.

O interior do aterro passará por um sistema de drenagem de gases que possibilite a coleta do biogás, que é constituído por metano, gás carbônico (CO2) e água (vapor), entre outros, e é formado pela decomposição dos resíduos. Estes gases vão ser queimados na atmosfera. Sua cobertura é constituída por um sistema de drenagem de águas pluviais, que não permite a infiltração de águas de chuva para o interior do aterro.  Segundo especialistas, existem critérios de distância mínima de um aterro sanitário e e uma região populosa.

“O aterro está a uma distância ecologicamente correta da população, aproximadamente 10 quilômetros”, destacou Neves.

TRATAMENTO DO CHORUME

Para o tratamento do chorume, a estação de tratamento possui quatro caixas sendo um tanque de equalização, armazenamento  e recirculação; duas lagoas anaeróbias e uma lagoa facultativa.

O tratamento do percolado (chorume) passará por cinco fases. Na primeira fase o chorume drenado do aterro sanitário deverá ser inicialmente conduzido para um tanque de equalização onde permanecerá por um dia. Neste tanque os volumes de chorume do aterro sanitário misturar-se-ão aos volumes do aterro controlado, tendo assim, um efluente uniforme, sem as flutuações de concentrações características do chorume gerado em aterros sanitários, nesta fase (primeiro ano) o chorume poderá ser recirculado.

A segunda fase do tratamento consiste na passagem do chorume para uma lagoa anaeróbia, onde permanecerá por 16 dias, nesse tempo o percolado sofrerá um processo de sedimentação da matéria orgânica, a decomposição da matéria orgânica é apenas parcial.

A terceira fase do tratamento é semelhante a segunda fase, o líquido percolado passará  para outra lagoa anaeróbia, onde permanecerá durante sete dias.Na quarta fase, após as passagens  pelas lagoas anaeróbias, o chorume chega na lagoa facultativa, onde permanecerá por 20 dias, nessa fase do tratamento o chorume passa por vários processos de purificação.
Na quinta fase finalmente, o chorume já com sua carga orgânica parcialmente degradada, deverá ser descartado.

Há mais de 10 anos na área de 65 hectares são jogados lixos de forma descontrolada, sem nenhum tipo de tratamento, apenas cobertos por terra. Seis hectares da área total está coberto de lixos soterrados, com seis a metros de profundidade. Neste local a Financial já adaptou drenos verticais com a função da remoção dos gases formados no interior do maciço de lixo.

De acordo com o projeto base da Financial em todo o maciço de lixo será executada uma cobertura superior com terra vegetal, afim de acabar com o mal cheiro gerado e minimizar a penetração de água pluvial .

Em seguida será aplicada um proteção vegetal (grama) para evitar a ocorrência de processos erosivos e instabilização. Haverá no local um sistema de drenagem superficial que consistirá na implantação de canaletas em torno dos aterros. A importância deste sistema é evitar a permanência das águas de chuvas no maciço de lixo, evitando a penetração e como conseqüência o aumento dos líquidos percolados no subsolo.

Segundo o engenheiro ambiental da Financial, Fabiano do Amaral Carvalho o funcionamento do aterro sanitário proporcionará diversos benefícios para Três Lagoas. “Além de obedecer às normas e resoluções ambientais, o lixo não terá mais contato com o ar, com o solo e com a água, este será captado e tratado”, afirmou.

A obra completa durou três anos. “A obra durou todo esse tempo pelo processo burocrático de licenciamentos e a ausência de dinheiro disponível de uma vez só. Dispomos de recursos próprios do município”, explicou o secretário de obras, Getúlio Neves.

O local ainda dispõe de 12 poços de monitoramento que vai até o lençol freático para a análise constante de contaminação na área.