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Servidor público: bandido ou mocinho?

Carlos Lessa, no “Valor Econômico”, nos passa os seguintes dados: “O Brasil é um dos países do mundo que tem menor proporção de servidores federais por mil habitantes. Alemanha, França, Inglaterra, Japão, e EUA têm percentagens que vão de 6,1% a 38,5% da população, o Brasil tem apenas 5,3%.
Somente os números acima nos amparam o suficiente para DESMENTIR aqueles que afirmam que há um excessivo número de funcionários no governo. Mas, deixando os “frios números” de lado, podemos fazer outra análise, mais “quente”, isto é, mais “necessária”.
Quem precisa de mais AMPARO, ou seja, ASSISTÊNCIA? Os ricos ou os pobres? Acreditamos que todos responderiam pelos últimos. Os meios de comunicação alardeiam diariamente o estado caótico dos serviços públicos essenciais como a saúde, a segurança e a educação. Ora, se há um clamor pela melhoria quantitativa e qualitativa desses serviços, não conseguimos entender o motivo de se atacar o servidor público.
O péssimo serviço prestado pelo governo explica-se pela falta de estrutura física, de materiais, de treinamentos e, principalmente, de profissionais qualificados nas diversas áreas. O servidor, em si, não é o responsável pela organização e manutenção do serviço público. Ele é um meio para a sua eficiência. Se não lhe é dado condições para exercer o seu papel, o funcionário será vítima tanto quanto o povo, da falta de RESPONSABILIDADE DO GOVERNO.
Quando se ataca o servidor, qualificando-o de “vagabundo”, “marajá” e “corrupto”, além de se cometer o erro de toda generalização, o “tiro” é dirigido à grande maioria que não tem o PODER DE DECISÃO. Sim, os corruptos e incompetentes existe em todas as categorias. Acontece que, como o serviço público atinge toda a população, as suas imperfeições são mais vistas e sentidas. Por isso mesmo, ao contrário do pensamento geral, o funcionário público deve ser tratado com especial atenção e cobrado em sua eficiência, pois é ele o braço e as mãos do governo que vão servir ao povo. Obras, grandiosas ou não, são fáceis de serem construídas. O difícil é mantê-las funcionando.
O melhor governo que pode existir é aquele que consegue prestar bons serviços à população. Sem uma boa equipe de servidores, isso se torna impossível.

Prof. Petrônio Alves Corrêa Filho  Geógrafo–Bel. em Direito  Vice-Presidente do SINTED.