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Três Lagoas

Crise financeira atrasa investimentos da Sitrel

A obra era para ter sido iniciada em abril deste ano, por conta da crise, um novo cronograma será lançado em setembro

Após o pico da crise financeira mundial nos setores metalúrgico e da construção civil, a implantação da Siderúrgica de Três Lagoas, a Sitrel, volta a ser discutida. Nesta semana, a prefeita Simone Tebet anunciou que o Grupo Grendene deverá vir a Três Lagoas em setembro deste ano para apresentar o novo cronograma para o início das obras. “O setor metalúrgico foi um dos mais atingidos por esta crise econômica mundial. Isto fez com que a empresa segurasse o projeto de Três Lagoas até que a situação voltasse ao normal, o que já está acontecendo”, explicou.

A obra de construção da Sitrel estava programada para abril deste ano. A data prevista havia sido anunciada em dezembro do ano passado, quando o grupo apresentou os estudos de impactos ambientais (positivos e negativos) do processo de instalação. Os estudos foram apresentados em uma audiência pública, como é previsto na legislação ambiental para a liberação da licença ambiental de instalação.

Na época, quando a crise ainda não havia atingido boa parte dos continentes, o vice-presidente da Sitrel, Sérgio de Moraes, havia anunciado que a unidade já tinha data para entrar em funcionamento: 27 de julho de 2011. Agora, a data de inauguração também deverá sofrer alguns atrasos.

A Siderúrgica será instalada na Fazenda Paraíso, situada no km 27 da BR 262, e que fica próximo à área florestal do grupo. A área foi adquirida pelo grupo, que pretende realizar um investimento inicial na casa dos R$ 800 milhões na construção da unidade fabril. Deste valor, 0,5% será destinado para obras de compensação social e ambiental – recurso controlado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).

ALUGUEIS

No pico da obra, o empreendimento deverá envolver o total de sete mil postos de trabalho, sendo boa parte deles ligado ao ramo da construção civil. No entanto, a prefeita faz um alerta ao setor imobiliário e proprietários de imóveis da Cidade: “O mercado imobiliário não sofrerá o mesmo impacto gerado pela instalação da VCP [Votorantim Celulose e Papel], quando chegamos a ter mais de dez mil homens na Cidade. Esta obra será de menor porte, então não adianta ficar supervalorizando os preços dos alugueis na expectativa da chegada destes trabalhadores. Este pico só será atingido no final de 2010 e início de 2011. Não adianta se iludir.”, reforçou Simone sobre a supervalorização do mercado imobiliário de Três Lagoas, durante uma coletiva com a Imprensa local.

A esperança de um novo pico nos valores dos alugueis – cujo mercado chegou a registrar uma supervalorização de mais de 200%, nos últimos anos – corre o risco de ser reduzida ainda mais. O Grupo Grendene e o Município estudam a possibilidade de utilizar os alojamentos da VCP – doados ao Município no mês de junho – para acomodar os trabalhadores. Conforme o chefe de Gabinete, Germano Molinari Filho, a empresa teria solicitado ao Município o alojamento existente na MS 395 (que liga Três Lagoas a Brasilândia), porém, ele reforça que o acordo ainda não foi formalizado. “Houve uma primeira consulta, em que a empresa demonstrou interesse no alojamento, mas ainda não há nada definido. Seria muito prematura afirmar um acordo neste momento. Este assunto deverá ser discutido novamente, em novos encontros.”, explicou. O alojamento de interesse da empresa tem capacidade para abrigar mais de três mil trabalhadores.

A indústria deverá empregar o total de três mil trabalhadores – dois mil diretos e mil indiretos. Os funcionários trabalharão para a produção de 550 mil toneladas de aço ao ano, índice que dobrará dentro de um prazo de cinco anos, conforme expectativa da empresa. Com isto, o Município deverá ter um aumento de mais 100% no Produto Interno Bruto (PIB).  O escoamento da produção será realizado por meio de transporte rodo ferroviário.