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Eleições oab/ms: cadê o nosso rei juan carlos?

Como toda e qualquer eleição, a da OAB/MS também é apaixonante. Até o presente momento, apenas dois nobres colegas se dispuseram a submeter os seus nomes ao crivo desta gloriosa categoria de profissionais liberais, os advogados e advogadas. Ao seu modo e a seu jeito, cada um defende o seu ponto de vista, apresenta as suas propostas e sinaliza a conduta que marcará a sua futura gestão.

Um defende a continuidade dos procedimentos adotados, até então, pela atual gestão, tendo como uma de suas credenciais os nove anos de serviços prestados a nossa OAB/MS. O Outro, Leonardo Duarte, meu candidato, serena e solenemente, declama os versos que os operadores do direito querem ouvir: A ORDEM DEVE SE VOLTAR, NOVAMENTE, PARA O ADVOGADO.

Não recrimino o debate que a Ordem dos Advogados de MS fez nesses três anos quando levantou bandeiras sobre temas importantes para a advocacia, como por exemplo a campanha da Copa 2014; sobre a importância dos “flanelinhas” nas ruas de Campo Grande; se os “amarelinhos” agem de maneira correta ou não; sobre a duplicação da Br-163 ou mesmo sobre a mudança do horário do Estado, dentre outros. Não mesmo.

No entanto, penso humildemente que a nossa OAB/MS, deve dedicar mais tempo às questões ligadas à advocacia. É capilar o sentimento de frustração ante o abandono a que estão submetidos os operadores do direito, cuja máxima da inexistência de hierarquia entre advogados, membros do Ministério Público e magistrados, não passa de retórica e letra morta na norma legal que disciplina a nossa atividade profissional.

A Ordem dos Advogados precisa agir em favor dos advogados e advogadas; “invadir” as administrações públicas e exigir salários dignos aos advogados públicos e procuradores; exigir respeito e condições dignas para o exercício da profissão em delegacias e presídios; questionar junto ao Ministério da Educação a qualidade de ensino em nossas faculdades de Direito, que não conseguem aprovar nos exames da Ordem mais do que 15% para o exercício da advocacia, e sobretudo, lutar incansavelmente na defesa das prerrogativas de nossos profissionais, que são constantemente violadas.

E aqui faço, dentre tantas coisas, dois apelos ao nobre colega Leonardo Duarte. Primeiro: respeito e tratamento indistinto entre todos os colegas advogados, de pequenos ou de grandes escritórios, sem adjetivá-los de expoentes ou de não-expoentes da advocacia, a exemplo que fez o colega FABRICIO BRAUM, em seu artigo intitulado “POR UMA CAMPANHA LEAL, ÉTICA E PROPOSITIVA”, ao referir-se ao candidato da situação, de que o mesmo conta com o apoio de EXPOENTES da advocacia nacional e estadual, nominando-os, querendo, de maneira infeliz, estratificar a nossa atividade profissional. Era o que faltava.

Segundo: na condição de Presidente, jamais aceite ataques a colegas, classificando-os em experientes ou inexperientes, em aventureiros ou não aventureiros. Reaja. Reaja como homem, como advogado e como Presidente. A par de nossas diferenças, temos que lembrar que numa disputa há adversários, mas jamais inimigos. Lembre-se também, que o homem jamais deve perder a sua nobreza, semelhante àquela do rei Juan Carlos da Espanha, protagonizada no ano de 2007.

Na cúpula Ibero-americana do Chile, em novembro de 2007, o presidente da Venezuela Hugo Chavez, atacava o ex-primeiro Ministro espanhol José Maria Aznar, que era defendido pelo atual primeiro Ministro e seu adversário político Luiz Zapatero, quando o rei Juan Carlos soltou aquela célebre frase: “por que você não se cala?”.

Quando o colega Busato esteve em Campo Grande, na festa do candidato da situação e disse textualmente que “A ordem não é uma aventura para quem não tem experiência”, imaginei que alguém lhe pedisse que se calasse, afinal, dos quase 11 mil advogados inscritos em nossa OAB, pelos menos 8 mil nunca ocuparam cargos em nossa instituição, mas têm o legítimo direito de postular a qualquer um deles. Ou não? Infelizmente não apareceu nenhum “rei Juan Carlos” para nos defender e  Busato, que deveria ser calado,  calou a todos. Disso tudo, fica uma lição: Juan Carlos não virou rei por que era rei, mas sim, por que era preparado. Leonardo Duarte é preparado. Façamos uma reflexão, nada mais.

YOUSSIF DOMINGOS, Advogado, OAB/MS 3833