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Três Lagoas

Partos normais aumentam 78% na Cidade

Desde o ano passado número de partos normais aumentou 78%, mas ainda está longe de ser o ideal

Contrariando as estatísticas que colocam o Brasil em segundo lugar no ranking de cesáreas, perdendo apenas para China, Três Lagoas pode ser vista como exemplo e mudança de comportamento neste último ano.

Na rede particular, até julho, o número de partos normais já supera o total realizado no ano passado. Em 2008, o Hospital da Unimed, registrou 313 cesáreas e 21 partos normais. Já neste ano, até o dia 27, foram 25 partos normais e 183 cesáreas. Em 2008, de janeiro a julho, o hospital havia realizado apenas 14 partos normais. O que representa um aumento de 78% de mulheres grávidas que optaram pela forma natural do nascimento de seus filhos.

Na Rede Pública de Saúde os números também são positivos. De acordo com dados do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nos seis primeiros meses deste ano foram realizadas 371 normais e 308 cesáreas. No mesmo período do ano passado, foram realizadas 366 partos normais e 334 cesáreas.

Embora os dados revelem um aumento de partos normais, ele ainda é tímido se comparado às taxas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que recomenda que apenas 15% dos nascimentos sejam realizados por meio de cirurgias.

 Em Três Lagoas no ano passado, somando a rede pública e privada, foram realizados 1.633 partos, sendo 941 cesárias e 692 normais. Considerando o índice estabelecido pela OMS, o ideal seria que apenas 245 fossem cesárias, ou seja, praticamente quatro vezes menos do que foi registrado na Cidade.

Essa realidade é verificada na maioria das cidades brasileiras. O Brasil é considerado recordista mundial no número de intervenção cirúrgica, chegando a soma de 84%, quase quatro vezes mais do que o recomendado.
O Ministério da Saúde recomenda que o parto normal é muito mais seguro para a mãe e para o filho. Mesmo assim, com várias campanhas defendendo o parto natural, o número de cesarianas só aumenta no País.

De acordo com o ginecologista, Edmar Cassemiro, cada caso deve ser analisado separadamente. Segundo o médico as condições da paciente determinam qual tipo de parto é mais indicado. “As vantagens e desvantagens são determinadas a partir das condições de cada paciente. No caso da cesárea há mais sangramento, maior possibilidade de infecção. O custo hospitalar também é maior, pois envolve mais profissionais, materiais, além de necessitar um maior tempo de recuperação e ser um procedimento cirúrgico”, comenta.

O médico explica ainda que o parto normal muitas vezes necessita da episiotomia (incisão efetuada na região do períneo -área muscular entre a vagina e o ânus- para ampliar o canal de parto e prevenir que ocorra um rasgo irregular durante a passagem do bebê). “Geralmente o corte é feito em mulheres que estão na primeira gestação. Sou a favor do parto normal, mas não traumático. Muitos partos causam prejuízo para as regiões pélvicas e perineal. Os índices de complicação nos partos traumáticos são maiores que nas cesáreas. Quando a bacia é pequena ou o corpo da mulher não é favorável este tipo de situação pode acontecer. No futuro, com o rompimento das faces, as rupturas causam queda de bexiga, uretra, hérnia. Já existem estudos que comprovam que o peso da barriga, por mais de três gestações causa lesões”, relatou.

Cassemiro diz que quando a mulher opta pelo parto normal ela da chance a criança sentir os estímulos, as contrações. “O bebê recebe informações de que está na hora de nascer. Já a cesárea é uma interrupção. Ele não sabe que é hora de sair, não sofre o aviso e é onde tem a chance de sentir o desconforto respiratório. Algumas vezes não conseguem trocar o oxigênio. Entre prós e contras, 80% das pacientes optam pela cesárea. No Brasil já é uma cultura de gerações. As mulheres que chegam aqui já nasceram desta maneira e já vem com a ideia fixa. É difícil convencer uma paciente que tem tudo para realizar um parto normal de sucesso se ela já quer a cesárea”.

NASCIMENTO

O parto normal é o procedimento natural do corpo da mulher, que sempre fez parte da vida, geração após geração. Uma sabedoria que está no corpo e nos genes de cada uma, e que compõe os conceitos de Cláudia Garcia de Freitas, 25 anos, oficial de serviço, mãe de Eloá Karolyne, que nasceu no dia 24 de julho.

Cláudia conta que desde a primeira gravidez optou pelo parto normal. “Acho muito mais seguro. É natural, não tem intervenção cirúrgica. Não tem corte, nem cicatriz, sem contar na comodidade e na alta, que é mais rápida. É melhor sofrer um pouquinho no quarto a ficar de cama depois”, explica.

Arielli Sanches, 24 anos, educadora física, mãe de Anamell, de 3 meses,  conta que optou justamente pela cesárea para fugir das possíveis dores. “Eu nunca pensei em comodidade e hora marcada. Optei pela cesárea por puro medo. Temia as dores que muita gente comenta ser insuportável”.

Ela lembra ainda que ao chegar no consultório, o médico perguntou sua preferência, mas Arielli garantiu que sua decisão já estava tomada. “Nem quis saber das possíveis vantagens. Eu já sabia como seria o meu parto desde quando engravidei. No final foi uma cirurgia tranquila, mas não consegui fugir das dores. No hospital, e até mesmo quando cheguei em casa sentia dores. Mas eu não me arrependo, e quando tiver outro filho, com certeza será cesariana”.