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Três Lagoas

Pacientes reclamam do atendimento médico do PAB

Com a disseminação de informações sobre a nova gripe população já está em alerta e aumenta a procura por atendimento

A cena registrada nesta quarta-feira (12) reflete um dos maiores problemas da administração pública de Três Lagoas e de vários municípios do Brasil, a Saúde. Além da falta de médicos – entre clínicos gerais e até especialidades – e da superlotação, a população também almeja por atendimento de qualidade.

Na última quarta-feira (12), por exemplo, o dia no Pronto Atendimento Básico (PAB) foi marcado pela revolta de vários pacientes que chegaram a esperar mais de quatro horas na fila para serem atendidos. Esse é o caso de Angélica Cristina Dias, tia de Natalia Dias da Silva, 14 anos, que estava com sintomas de gripe. Segundo Angélica, elas chegaram ao (PAB) antes das 13h e só foram atendidas por volta das 17h30. Ela diz ainda que o atendimento só ocorreu porque ela chamou a imprensa para registrar a situação do local.

 “A nossa condição era desesperadora. Muitas crianças e adolescentes estavam precisando de atendimento. As horas passavam e ninguém nos chamava. Quando cheguei umas 50 pessoas estavam esperando. Depois o médico determinou que as crianças teriam prioridade no atendimento. O que ocasionou ainda mais demora. Eles não alternavam o atendimento e nós ficamos lá. Fiquei tão indignada que resolvi procurar ajuda e só assim eles se mexeram. Ouviram um burburinho e ligaram para um médico substituto, só por isso fomos atendidos”.

Angélica ressalta o descaso e diz que finalmente, quando conseguiu atendimento, o médico foi grosso e sarcástico. “Nós entramos na sala e a primeira pergunta que ele fez foi se estávamos morrendo. Em seguida disse que achava que não, pois minha sobrinha estava muito bem, tanto que havia esperado o dia inteiro para ser atendida. Para completar enfatizou que ali era um local de atender emergências, só quem estava morrendo deveria procurar. Finalizou falando que ia passar um remédio que teríamos que comprar, pois não tinha no postão”, informou.

CLIMA TENSO

A situação não parou por ai. Segundo ela, quando a imprensa foi embora, o médico que estava atendendo saiu da sala e disse que o expediente tinha acabado e quem não tinha sido atendido que voltasse outro dia.

“Sinceramente, é humilhante. Esperamos a tarde toda e quando fomos atendidos o médico ainda fez questão de ressaltar que teríamos que comprar o medicamento. Acho isso vergonhoso. A cidade toda asfaltada e os postos de saúde estão na calamidade. O povo vai morrer e não vai ver o asfalto”.

A cabeleireira, Viviane Miranda de Oliveira, mãe de Priscila Miranda, 16 anos, passou por situação semelhante. De acordo com Viviane, a filha chegou ao posto com febre e falta de ar, além de dores musculares, dores na garganta e no peito. “Cheguei no posto ao meio dia e sai de lá as 18h. Neste intervalo tive que ir na casa da minha mãe pegar agasalho para minha filha, já que a febre não cessava. Quando o médico substituto chegou não ficamos meio minuto na sala. Ele apenas colocou o estetoscópio nas costas da minha filha e receitou o remédio. Disse que ela estava com tosse alérgica, sendo que nem tossindo ela estava. Conclusão, saindo de lá fui a uma farmácia e o próprio farmacêutico passou um remédio. Até porque o médico receitou para tosse, e nem tinha no postão”.

Viviane disse acreditar que a população está em pânico com a possibilidade de ter a nova gripe. “As enfermeiras só sabiam dizer que não podiam fazer nada. No ambulatório ao lado eu via que o atendimento era bom, que o médico realmente examinava, mas no PAB, foi um descaso. A prefeita vai à tevê, fala que quem tiver os sintomas deve procurar atendimento e quando chegamos lá acontece isso. Parece que montaram aquilo só para humilhar os pobres”.

O caso de Francisco Assis Santos, que levou a esposa Fabiana de Souza Almeida, 22 anos, para ser atendida não é diferente dos demais. “Ficamos mais de duas horas para fazer a triagem. Quando fomos atendidos não ficamos um minuto. Ele nem examinou. Não olhou para minha esposa. Não perguntou nada. E o pior de tudo, receitou um remédio que não tinha no postão.
Ou seja, não resolveu absolutamente nada. Nós estamos pagando, isso não é favor é direito. Nós pagamos impostos”.