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Três Lagoas

Tema ?Sexualidade? ainda é tabu nas escolas

Assunto foi um dos principais temas no 1º Seminário de Saúde e Prevenção nas Escolas

Professores, diretores e alunos passaram boa parte do dia de ontem reunidos para discutir a inclusão de questões como sexualidade e prevenção à Aids dentro das escolas. O ciclo de palestras fez parte do 1º Seminário de Saúde e Prevenção nas Escolas, realizado no Papillon Eventos (saída para Campo Grande), nesta sexta-feira (14), evento que reuniu representantes das secretarias de saúde municipal e estadual e até do Ministério da Saúde.

De acordo com a coordenadora do Programa Municipal de DST-Aids, Alexandra Nunes de Souza, o seminário é uma continuidade da série de capacitações do programa “Saúde e Prevenção nas Escolas”, lançada no ano passado. “Desde então, conseguimos inserir o tema de prevenção às DSTs e Aids nas escolas.
 
Esta parte está sendo bem trabalhada. A nossa luta agora é para trabalhar a sexualidade dentro da sala de aula também, o que ainda é um tabu muito grande”, destacou.

Alexandra explica que o foco do seminário não se restringe apenas a meios de conscientização sobre as DSTs e a Aids, mas sim, sobre a gravidez na adolescência, valores, preconceito contra os homossexuais e, um dos assuntos mais polêmicos, a distribuição de preservativos dentro das escolas.

“Esta é uma proposta que lançamos também no ano passado, mas que até agora não foi implantada na Cidade. No entanto, um estudo recente aponta que 70% dos pais e 50% dos professores do País são a favor da iniciativa”, destacou.

Os dados foram apresentados pela professora Selma Alves Freitas Martins, orientadora sexual e mestra em Educação pela Unesp, de Presidente Prudente (SP). “Aliás, este seria o ideal para Três Lagoas: que cada escola tivesse seu educador sexual. Por enquanto não temos nenhum”, destacou.

Para Alexandra, a presença de um educador ajudaria no acesso do adolescente à informação. “Ainda são muitas dúvidas que estes adolescentes têm. Até mesmo porque sempre há crianças entrando na adolescência, com isto, sempre há adolescentes com dúvidas e a educadora os ajudaria nesta fase”.

RESULTADOS

A coordenadora explicou que objetivo do seminário é trabalhar formas com que os temas sejam levados para dentro da sala de aula e, o principal, debatido em mais de uma matéria. “É possível trabalhar as questões da Aids em aulas de matemática, por exemplo. Basta que o professor use dados de Aids no Brasil, este seria um bom mecanismo. Já tivemos bons resultados desde o ano passado. Mas este tem de ser um trabalho contínuo”, explicou.

Um dos resultados palpáveis é o projeto lançado pela escola estadual Edwards Corrêa. Conforme a coordenadora Maria Helena Wilmers de Moraes, a ação teve início no ano passado aos alunos do 8º ano (faixa de 14 anos), e já começa trazer resultados. “No projeto, abordamos vários assuntos, como cidadania e principalmente auto-estima. Com isto, notamos um amadurecimento dos alunos e também uma melhora até no rendimento escolar”, explicou.

Para o professor Thiago Massao Oda, responsável pelo projeto, o trabalho também fez com que os alunos se sentissem mais à vontade para discutir o assunto. “Trabalhamos com a realidade deles, com o que os alunos estão vivenciando e isto está trazendo retorno. Hoje, os alunos nos procuram para tirar dúvidas, que não são poucas”, explicou.

O projeto da escola Edwards Correa foi apresentado no seminário. O evento foi realizado das 7h às 17 horas e reuniu em torno de 300 participantes.