Fábrica oferece 15 vagas para deficientes

Igualdade, integração, necessidades especiais e resultados. Um conjunto de palavras que transcende a escrita e se torna realidade dentro do contexto econômico e social de Três Lagoas. Em uma empresa de 530 colaboradores, 18 deles tem algum tipo de necessidades especiais e a diferença dessa minoria para a maioria, pode ser considerada nula já que são imperceptíveis aos olhos.

Após matéria publicada na edição desta quinta-feira (20), a Mabel entrou em contato com a Equipe do Jornal do Povo para falar da oportunidade e necessidade de completar o quadro de funcionários da empresa. No momento ela oferece 15 vagas que podem ser preenchidas de imediato. De acordo com o gerente administrativo da Mabel, Aquiles Nogueira, não há necessidade de cursos ou profissionalização, existindo um interesse o funcionário recebe o treinamento na própria empresa. “A Mabel está em Três Lagoas há 11 anos. Em 2007 começamos a intensificar o nosso quadro de colaboradores e estamos de portas abertas para os portadores de necessidades especiais. No momento passamos por uma readequação para também empregar cadeirantes”, comentou.

Os interessados podem trabalhar desde o setor administrativo, até desempenhar de funções recepção como na loja, sem contar nos setores de produção. O gerente explica que o portador de necessidades especiais não tem tratamento diferenciado e trabalha como todos os outros profissionais que compõem a equipe. “Aqui eles são profissionais, não tem ‘café com leite’. Não somos assistencialistas. Aqui eles desempenham as funções de maneira integral e produtiva”, salientou Aquiles.

A empresa passa por um momento de ampliação para se readequar e já acompanha as normas de acessibilidade. “Hoje estamos em um processo de ampliação da loja para receber clientes e também funcionários. Dentro da fábrica já temos banheiros adaptados e agora já adaptamos os da loja. Internamente existe um projeto de acessibilidade, mas nossa dificuldade realmente está em encontrar esse público para trabalhar”.

Aquiles explica que antes de inserir esta mão de obra, um treinamento com os funcionários da empresa foi feito. “Nós não íamos apenas jogar as pessoas aqui e exigir delas. Temos um outro propósito de qualificação e nesse sentido o apoio da Apae foi fundamental. Quando o novo funcionário chega, ele tem um acompanhante durante 15 dias e depois começa a efetivar as tarefas sozinho. Aqui ele assume responsabilidades como todos, é um colaborador comum e é cobrado como tal. Se eles começam numa função e não se adaptam, remanejamos a outro setor, mas não é porque tem necessidades que vamos protege-los”.

O gerente industrial, João Benjamin Sobrinho, conta que quando a ideia de aumentar o quadro surgiu eles não queriam apenas cumprir uma meta e carregar nos ombros os colaboradores. “Nós não queríamos ter na empresa metade de uma pessoa, que fizesse meio serviço. Não, aqui nós temos profissionais e como tal eles atuam e são tratados. Se você olhar eles não se diferenciam. Primamos pela cidadania e eles, assim como os demais, têm um plano de carreia”.

O técnico em segurança do trabalho, Fabiano Santos Oliveira, diz que não existe dificuldade em lidar com os portadores e que no começo o que surgiu foi um pequeno problema na hora de se comunicar. “Temos alguns deficientes auditivos, mas vencemos o problema e hoje trabalho com libras. As pessoas nos visitam e não se dão conta de que temos funcionários com necessidades especiais dentro da empresa. Aqui temos uma funcionária que tem apenas 10% da visão, quase não enxerga, mas trabalha normalmente. É bom ter uma equipe integrada. Não existem diferenças”.

Há nove meses na empresa, Edmilson da Silva Melo, que trabalha como empacotador, conta que antes trabalhava em uma cooperativa, e é a primeira vez que trabalha em uma fábrica. “Quando vim para cá achei uma mudança grande. Hoje estou trabalhando com as embalagens, gosto de trabalhar aqui. É bom para mim”, enfatizou.

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