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Três Lagoas

Nova gripe muda rotina de gestantes em Três Lagoas

O medo das futuras mães, mais suscetíveis a estágios graves da doença, aumentou após confirmação da 1ª morte na Cidade

A Influenza A (H1N1), mais conhecida como “gripe suína”, vem mudando a rotina de boa parte dos brasileiros, no entanto, são nas gestantes que o novo vírus vem causando pânico.  A preocupação tem motivo. Conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde, até o dia 25 de abril a 15 de agosto, dos 3,087 casos graves da Influenza A registrados em todo o Brasil, 283 eram gestantes (9,1%). Já dos casos confirmados 237 delas evoluíram para a cura.

Já dos 368 óbitos confirmados no País, 46 eram gestantes, o que corresponde a 12,5%.

Foram informações como esta que fizeram a professora do Centro de Educação Infantil (CEI), que pediu para não ser identificada, mudasse toda sua rotina e adotasse uma série de medidas de prevenção. Por medo, desde o surgimento dos primeiros casos em Três Lagoas, a professora, que trabalha no berçário e está gestante de sete meses, vem trabalhando com máscaras e utilizando álcool em gel durante o expediente. “Assim que começou a aumentar o número de casos, minha coordenadora entrou em contato com a Secretaria de Educação, mas foi informada de que não havia como me dispensar. Então, disseram a ela que eu poderia usar máscaras e álcool em gel, porém não me forneceram nada. Tudo que tenho, tive de comprar”, completou.

A professora conta que, além do risco do trabalho, ela também encontra dificuldades em comprar os materiais de segurança. “Estou usando máscara o dia todo, trocando a cada duas horas, comprando tudo do meu bolso, mas não acha mais na Cidade. Tanto a mascara quanto o álcool em gel estão em falta e a Prefeitura não nos cede o material”, disse.

A servidora explica também que, além de se proteger, chegou a emprestar máscaras para colegas de trabalho. Recentemente, uma colega de trabalho da professora apresentou os sintomas de gripe. Por medo, a servidora cedeu máscaras até que ela se recuperasse.

No Centro de Educação Infantil em que trabalha, até sexta-feira (21), antes que a Secretaria Municipal de Educação, anunciasse a suspensão das aulas em todas as unidades de educação infantil por cinco dias, apenas as crianças e profissionais com sintomas de gripe estavam sendo dispensados do trabalho.

“A maioria dos pais colaboraram com a medida, mas as crianças já ficaram em casa por sete dias e estão retornando, algumas delas ainda com sintomas de gripe. E o pior é que o público que eu fico, crianças de 11 meses a 1,5 ano, não há como ensinar as medidas de prevenção. O bebe não sabe colocar a mão na boca para tossir, por exemplo. Eu não trabalho tranquila, além dos bebes, tenho que lidar com os pais e com os próprios funcionários e não há mascaras para todos”, disse.

De acordo com a entrevistada, muitas servidoras gestantes estão antecipando a licença maternidade para poder ficar este período em suas casas. “Mas, eu quero ficar com a minha filha após o nascimento. O correto seria afastar as gestantes, como já acontece em estados como São Paulo e Rio Grande do Sul.
Por isto, entreguei nas mãos de Deus”, disse. A professora está grávida de sete meses do seu segundo filho.

Entregar nas mãos de Deus também foi a medida adotara por outra gestante, também servidora de um CEI. Suellen Candia Silveira, 20 anos, está no sexto mês de gestação do seu primeiro filho e também está preocupada com a pandemia da nova gripe. “Acompanhei pelos jornais e televisão que as gestantes, por estarem com baixa imunidade, estão mais suscetíveis à doença. Por enquanto, apenas as crianças com sintomas da gripe estavam sendo dispensadas da aula por sete dias. Mas o medo é bem grande”. (a entrevista foi realizada antes do anúncio da suspensão das aulas nos CEIs da Cidade).

Suellen explica que, até o momento, os cuidados tomados por ela são de higiene (lavar as mãos com frequência) e evitar locais de aglomeração. “A preocupação existe. Sempre que alguém espirra ou tosse perto de mim, tento sair de perto. E também estou evitando locais lotados. Mas isto é quase impossível numa sala de aula. É um lugar onde há muita criança”, disse.
Dos 1.515 casos graves registrados em mulheres em idade fértil, 24% eram grávidas. Apenas para se ter uma base, na gripe comum, o percentual de casos graves de gestantes é de 15,4%.