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Maior dificuldade é identificar casos que podem ter complicações, diz médica

A infectologista e pesquisadora de vírus respiratórios da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Nancy Bellei afirmou hoje (24) que a maior dificuldade dos profissionais de saúde no Brasil é definir quais pacientes poderão apresentar um agravamento do quadro de influenza A (H1N1) – gripe suína.

“Não temos como saber quem são os 10% que vão ter complicações e os 90% que não vão”, disse, em entrevista à Agência Brasil. Segundo ela, o problema da incerteza dos médicos está diretamente relacionado à administração do medicamento Tamiflu, já que a orientação do Ministério da Saúde é que o remédio seja prescrito somente para pacientes que fazem parte dos grupos de risco ou que estão em estado grave.

A médica lembrou que, apesar haver casos em que o remédio é usado após o agravamento do estado de  saúde, a maior eficácia do medicamento se verifica mesmo no período de  48 horas após o início dos sintomas. “A maior parte dos pacientes não terá complicações, mas não dá para saber”, afirmou.

Para Nancy, o sentimento é de “angústia” para os profissionais de saúde responsáveis por diagnosticar os casos e  definir quem deve tomar o remédio. A saída, segundo ela, é usar o bom-senso – pacientes com muitos sintomas, ainda que fora dos grupos de risco, geralmente apresentam uma carga viral mais elevada e, por isso, devem ser atendidos com cautela.

Sobre a promessa da vacina no Brasil – prevista pelo governo para o início de 2010 – a infectologista destacou que ainda não há definição de quem vai receber as doses prioritariamente. Há apenas discussões sobre a imunização de profissionais de saúde e de  pessoas que fazem  parte de grupos de risco. “Tudo ainda é uma incógnita”, disse. Para Nancy, a única coisa certa, até o momento, é que o Tamiflu não vai perder seu “papel” com o surgimento da vacina, já que o vírus Influenza H1N1 vai continuar em circulação no Brasil.

“Vamos precisar do antiviral porque não vamos vacinar toda a população e vamos ter casos mais graves. A política de distribuição do Tamiflu terá que ser feita antes da segunda onda da doença [prevista para o inverno de 2010].”