Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Mães estão aflitas com o possível fim da Apae

O Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) já foi exposto e explicado às mães e responsáveis dos alunos

O Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) já foi exposto e explicado às mães e responsáveis dos alunos que estudam na escola da Apae.

Infelizmente, algumas das mães não entendem a dimensão dos problemas e transtornos que terão, se o Parecer do CNE for homologado pelo Ministério da Educação.

Mas a grande maioria das mães estão aflitas e preocupadas com o Parecer do CNE. “Tive conhecimento, através de jornais e reuniões, realizadas na Apae, sobre o Parecer do Conselho Nacional de Educação, que obriga a gente a matricular nossos filhos, alunos especiais, na escola regular e com isso, a extinção das escolas especiais”, comentou, preocupada, Maria Teresinha Oliveira Araújo. Ela tem um filho de 15 anos na escola da Apae e foi uma das mães que esteve na Assembléia Legislativa, participando de Audiência Pública.
 
O filho dela exige atenção especial, porque possui agudo quadro psico-motor e deficiências múltiplas, que prejudicam o aprendizado e a fala.

Para melhor acompanhar a educação especial do filho, Maria Teresinha é voluntária da Apae, participando do Clube de Mães e outras atividades. “No momento em que tomei conhecimento do assunto, fiquei assustada e indefesa, sem saber o que fazer”, confessou. Depois, Teresinha descobriu que ainda existem esperanças da medida não ser aceita.

“Eu sei que, se as escolas especiais, como a que temos na Apae, não forem mais consideradas escolas, não terão condições de continuar em funcionamento”, disse. “O mais grave de tudo isso e o que mais nos preocupa como mães, é que nossos filhos, os alunos da Apae deixarão de receber atendimento especializado, uma vez que as escolas comuns, da rede regular, não estão ainda adequadas às necessidades de cada aluno, que possui necessidades especiais”, alertou a mãe.

Ela carrega consigo uma negativa experiência de inclusão do filho numa escola de ensino regular. “Por três anos e meio tentei a inclusão social em uma escola que se dizia preparada para a inclusão, em Iturama (MG), mas foram os piores anos que passei com meu filho. Eles até me pediam para eu ficar por perto para socorrê-las em situações que elas não davam conta”, lembrou.

A mesma preocupação foi demonstrada por Ana Luiza de Oliveira. Mãe de gêmeos, de 7 anos de idade, um deles possui paralisia cerebral, que afeta a atividade motora dos membros e causa atraso mental e sérios problemas de aprendizado. Para o processo de educação, os gêmeos precisam estudar em escolas separadas. O de necessidades especiais estuda na escola da Apae e o outro na escola do Sesi. “A escola, por melhor que esteja estruturada, não oferece as mesmas condições que a Apae possui”, observou. Ela informou que a própria direção da escola do Sesi lhe comunicou que: “Na verdade teriam que receber o meu filho, por ser gêmeo, mas que a escola não está preparada para a inclusão educacional e social”, disse a mãe. “As escolas de ensino regular não oferecem nem estrutura nem capacitação necessárias para receber nossos filhos para uma educação especial”, completou.

“Pela experiência que possuímos como mães, cada aluno especial tem necessidade de um acompanhamento individual. Como será se nosso filho for colocado numa sala de 30 a  40 alunos?” comentou Ana Luiza.

“Com a inclusão, que eu experimentei em Minas Gerais, meu filho teve regressão. Ele sentiu-se discriminado e foi ele mesmo que pediu para voltar à escola da Apae, onde todos são tratados por igual, mas levando em consideração, respeito e muito carinho, as muitas diferenças”, completou Maria Teresinha.

A mesma preocupação é carregada por Lourdes dos Santos, mãe de uma menina de oito anos, com paralisia cerebral e cadeirante. Desde um ano e meio de idade, a filha freqüenta a escola da Apae. “Sei que minha filha é tratada com dignidade e atenção aqui na Apae, o que não seria possível nas escolas regulares, onde minha filha não teria condições de receber toda a atenção que precisa”, comentou Lourdes.

“Eu sou mãe de uma criança especial e, no momento, não concordo com a inclusão, pois acredito que ele será discriminado pelos demais alunos e professores, porque as escolas regulares não estão preparadas para receber essas crianças especiais”, desabafou Maria Inês Borges. “A Apae é o melhor lugar para o meu filho, pos aqui todos estão preparados para atender todas as suas dificuldades”, disse. “Eu tenho medo, mas tenho fé em Deus que este documento não será assinado pelo Ministro da Educação”, completou uma outra mãe. O Ministro deveria ouvir as mães. Só elas sabem o que os filhos passam e o que a escola da Apae tem sido para eles”, disse uma outra.