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Três Lagoas

Jovens são as maiores vítimas da violência

Das 35 vítimas de homicídio deste ano, 16 não havia completado 25 anos de vida

Adolescente de 16 anos, morto com um tiro no bairro Vila Nova, no dia 8 de janeiro; Jéferson Alex Teixeira Gomes, 25 anos, morto com dois tiros na cabeça no dia 17 de fevereiro, também no bairro Vila Nova; Bruno Barbosa do Nascimento, 19 anos, morto com três tiros na cabeça, no bairro Paranapungá, dia 17 de março.

Um levantamento realizado pelo Jornal do Povo comprova uma triste realidade: assim como em boa parte do Brasil, são os jovens as principais vítimas da violência urbana. A constatação foi feita por meio de dados de homicídio divulgados pelo jornal neste ano. Conforme o levantamento, das 35 pessoas vítimas de homicídio neste ano, quase 50% não tinham completado 25 anos de vida, sendo que a maioria delas ainda estava na adolescência. Entre as vítimas, 16 estavam na faixa etária de 15 a 24 anos, três de 25 a 34 anos, três de 35 a 44 anos, seis de 45 a 55 anos, e cinco com mais de 55 anos. Em um dos casos – de uma mulher que foi morta pelo marido, que tentou suicídio em seguida -, não constava a idade.

A brutalidade em que os crimes foram praticados também assusta. Neste ano, a maioria dos crimes foram execuções (10 casos). Em seguida, aparece o crime de latrocínio (matar para roubar), quatro; número semelhante aos homicídios decorrentes de brigas. Os crimes passionais (envolvendo relacionamentos) e dentro do ambiente familiar (entre pais, filhos e enteados) também foram os mesmos, três casos cada.

No entanto, o levantamento também aponta para outro lado preocupante. Enquanto a maioria das mortes por assassinato foi contra adolescentes e jovens. A mesma faixa etária também prevalece na autoria dos crimes.
Entre os crimes solucionados pela Polícia Civil e em que houve a prisão dos acusados – um total de 21 casos até o momento, a maioria fora praticada por jovens e adolescentes. Até o momento, 14 acusados com idade entre 15 a 25 anos foram presos por homicídio em Três Lagoas. Em alguns casos, houve também a prisão de mais de um envolvido. Outros cinco acusados estão na faixa etária de 26 a 35 anos, um na de 36 a 45 anos, outro de mais de 56 anos e três cuja idade não constava no levantamento. A Polícia ainda investiga outros 15 casos de homicídio.

Segundo o comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Washington Geraldo de Oliveira, os crimes de homicídio não são levados em consideração para medir a violência de uma Cidade. Ele explica o motivo: “A maioria dos crimes que aconteceu neste ano foram em decorrência de acertos de contas, ligação com o tráfico de drogas e também crimes passionais. Mulheres matando os maridos, maridos matando mulheres e se matando, e outros. Estes crimes são impossíveis de serem previstos. A violência de uma cidade é medida pelos crimes de furto e roubo, isto não quer dizer que não nos preocupe”.

Atualmente, a cada sete dias, ao menos um homicídio é registrado em Três Lagoas: em janeiro, foram seis homicídios; fevereiro (3), março (5), abril (6), maio (4), junho (3); o mês de julho foi o com o menor índice de homicídios, apenas dois. Porém, em agosto, os números voltaram a subir, fechando o mês com quatro assassinatos. Neste mês, foi registrado apenas um homicídio registrado, no dia 7: Fernando Henrique Bittencort, 23 anos, executado com 11 tiros, no bairro São João.

CAUSAS

O motivo específico para o crescimento dos índices de assassinatos ainda é uma incógnita. Mas para muitos, pode estar ligada diretamente ao crescimento populacional. Este é o caso do comandante. Para o comandante, o aumento dos crimes de homicídio é reflexo do crescimento da cidade. De acordo com Geraldo, toda sociedade que passa por um processo de desenvolvimento muito rápido passa por este tipo de crime. “Sempre quando a sociedade cresce, o poder aquisitivo cresce aumenta também os crimes passionais, por exemplo. Existe um acesso à informação maior, e em alguns casos, mas não a maioria, aquele que já tem uma pré-disposição a cometer aquele crime, acaba se sentindo atraído em fazer o mesmo. Nestes casos, até mesmo à divulgação pela imprensa acaba encorajando os que já tem esta pré-disposição”, explicou.

A teoria do comandante é comprovada pelos dados da Polícia Civil. Em 2005, foram 19 homicídios; em 2006, foram 22. Já no ano de 2007, foram apenas dez homicídios – índices comemorados na época, porém que duraram pouco tempo. Em 2008, quando Três Lagoas recebeu milhares de trabalhadores de outras regiões, o índice de homicídio saltou de dez para 28 casos ao ano. E neste ano, até o dia 18, 35 pessoas foram assassinadas na Cidade.