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Três Lagoas

Pânico: Gás que vazou da Fibria contaminou o ar

O odor se espalhou por vários pontos da Cidade. Desde o Jardim Alvorada até Jardim Novo Aeroporto

A noite dessa segunda-feira (28) foi de pânico para muitos moradores. Por volta das 20 horas, um forte cheiro poluiu o ar de Três Lagoas, causando mal estar em boa parte da população. Segundo relatos de moradores, o odor causou dificuldade para respirar, além de dores de cabeça, náuseas e vômitos.
 
Durante aproximadamente três horas o cheiro de gás permaneceu na Cidade.

Por volta das 11h de ontem, a Fibria emitiu um comunicado à imprensa explicando o ocorrido. Em nota, a empresa informou que aconteceu um derramamento de um tanque contendo água e compostos químicos e orgânicos, incluindo enxofre. O incidente foi registrado na área de evaporação da fábrica por volta das 19h. Segundo a empresa, o problema foi solucionado às 19h20.

A empresa reconheceu o problema e alegou que as condições climáticas no horário do incidente (fortes ventos), ajudaram a disseminar o odor de enxofre, que foi percebido em vários pontos da Cidade.

A Fibria alega que conhece os relatos de pessoas com irritação nos olhos e náuseas e em nota lamenta o desconforto provocado. Ela esclarece que já adotou todas as providências necessárias para que esse tipo de incidente não torne a ocorrer. 

No Pronto Atendimento de Saúde (PAB), segundo a enfermeira responsável, Kátia Scarpari, foram registrados cinco atendimentos de pessoas com sintomas de náusea, dor de cabeça e tonturas, mas nenhuma chegou a ficar em observação. No Hospital Nossa Senhora Auxiliadora apenas um caso foi registrado. Segundo o diretor técnico do Hospital, José Carlos Rezende Pereira, o paciente deu entrada no hospital na manhã de ontem é do sexo masculino e tem 32 anos. “Durante a noite um técnico em enfermagem também se sentiu mal, ficou em observação e depois foi liberado. Ambos passam bem”.

No Corpo de Bombeiros a situação foi caótica. Muitas pessoas ligaram reclamando do odore. Entre as possibilidades comentadas sobre a origem do cheiro alguns diziam que o parecia de veneno, enxofre, outros ainda disseram que o odor lembrava alho queimado, gás de cozinha, fossa, esgoto, entre outros.

Segundo o major do Corpo de Bombeiros, de Mello, as áreas mais afetadas foram o Jupiá e a Vila Piloto. “Nós tivemos congestionamento na linha 193.
 
Foram quase três horas de ligações interruptas, das 20 às 22h40. Achei grave esse fluxo de ligações, pois se tivesse acontecido algum acidente não conseguiríamos atender. Recebi ligações da Defesa Civil do Estado e do Centro Integrado de Operações de Segurança (CIOPS). A população estava em pânico, não parava de ligar. Até Campo Grande registrou ligações”, lembrou.

De Mello disse ainda que de um modo geral todos estavam com medo e muito  preocupados com problema de saúde que poderiam ser causados.

“Inicialmente as pessoas achavam que era um vazamento de gás na própria casa, depois viam que o cheiro estava em toda a cidade. Até então não sabíamos de onde estava vindo o cheiro. Nenhuma empresa nos ligou notificando vazamento”.

O vazamento gerou transtornos, escolas e faculdades dispensaram os alunos, entre elas a Escola Municipal Parque São Carlos que liberou os alunos às 21h40 da segunda-feira.  De acordo com o diretor adjunto, Juvenal Moreira, aproximadamente 300 alunos voltaram para a casa mais cedo. “Duas alunas grávidas passaram mal. Muitos alunos, inclusive eu, sentiram ardor nos olhos, ânsia de vomito, um mal estar geral. Fiquei preocupado e resolvi liberar. Antes disso verificamos se não era o gás da cozinha da escola. Recomendei aos alunos que ficassem em casa para preservar a saúde, já que a população não foi informada de nada”.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) registrou 241 ligações, destas, 211 foram de pessoas pedindo informações sobre o odor e como proceder devido ao mal estar. A coordenadora, Mireilly de Souza Queiroz, lembra que essa quantidade de ligações foi registrada entre as 18h às 6h. “Não fomos informados sobre incidente. Ligamos para o Corpo de Bombeiros e eles também não sabiam. A linha 192 também ficou congestionada. Talvez as ligações pudessem ser mais”.

A coordenadora disse ainda que como o gás tem um cheiro muito semelhante ao de cozinha, as pessoas não podem ser acostumar. “É preciso que a população esteja atenta aos odores. Não podem achar sempre que é um vazamento na indústria e esquecer de verificar em casa, já que esse odor pode ser mascarado”, ressaltou.

FALA POVO

“Comecei a sentir o cheiro e nem imaginei o que poderia ser. O odor foi tão forte que tivemos que fechar todas as portas. Quando cheguei aqui de manhã o comentário na loja era geral, muita gente passou mal”.  Waldirene Freitas, promotora de vendas

“Eu senti um cheiro estranho. As janelas estavam abertas e fechamos. Na minha casa não foi tão forte, mas fiquei com medo do que esse cheiro poderia causar, a gente não sabe. Começa a cheirar gás, a gente acha que pode ser em casa, mas pelo visto todo mundo sentiu”. Glória Ramos Gomes Carvalho, aposentada, moradora do bairro Interlagos

 “O cheiro no sítio era tão grande que começamos a jogar bom ar por toda a casa. Eu passei muito mal, senti ânsia de vomito, meus olhos arderam, tive uma sensação horrível no estomago, minha mãe ficou desesperada. Não sabemos de onde veio, só sei que o sítio da Cidade são 18 quilômetros e as pessoas também sentiram o mesmo cheiro aqui”, Vanessa Fernandes da Silva, estudante, moradora da zona rural

“Eu estava andando de bicicleta a noite próximo ao Jupiá e comecei a sentir o mau cheiro. Quando cheguei em casa o odor continuava. O pessoal tem que tomar cuidado e ficar alerta. Foi muito forte. Não tava dando para aguentar”, Genésio Aureliano, jardineiro, morador do bairro Nossa Senhora Aparecida

“Eu não senti cheiro nenhum. Ontem até estava ventando e não percebi nada. Hoje que ouvi as pessoas comentarem, mas sinceramente eu não senti”, Alécio Silveira, aposentado, morador do bairro Santos Dumont