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Três Lagoas

Presídio Feminino deve receber internas em breve

A inauguração da reforma da unidade penal está prevista para o dia 3 de outubro

A angustia dos familiares de internas que cumpriam pena no Presídio Feminino de Três Lagoas – antigo Estabelecimento Penal de Três Lagoas (EPTL) está prestes a terminar. Depois de quase um ano de espera, as internas que cumpriam pena na Cidade e tiveram de ser transferidas para a realização da reforma da unidade penal. A inauguração está prevista para o dia 3 de outubro, durante uma visita do governador André Puccinelli (PMDB) ao Município, solenidade aguardada por muitos como o cabeleireiro Pedro Rodrigues, 46 anos.

Com a reforma, a filha de Rodrigues, de 22 anos, foi transferida para o município de Bataguassu, a cerca de 135 km de Três Lagoas. Desde então, o cabeleireiro iniciou uma luta para conseguir visitar a filha. Ele e a mãe da interna entraram em um acordo, um vai visitá-la a cada fim de semana, porém, mesmo com o sistema o custo é alto. Rodrigues viaja sempre de moto e a cada visita gasta uma média de R$ 100 a R$ 120, sem contar as coisas levadas para a filha. “A mãe dela vai de carro ou de ônibus, o que também não é barato”.

No dia 3 de setembro deste ano, a jovem completou dois anos em regime fechado – ela foi condenada há 17 anos de prisão.

A rotina de se preparar um fim de semana sim e o outro não para visitar a filha já perdura por mais de nove meses. O cabeleireiro admite que é um processo cansativo, mas conta que nunca perdeu a visita da filha. “Não é fácil t er de viajar no único dia de descanso, mas as visitas são muito importantes para ela”, destacou. O cabeleireiro destaca que nem todos tiveram tanta sorte.

Segundo ele, apenas cinco – das 52 internas que foram transferidas para presídios do Estado – puderam ficar em Bataguassu. O restante teve de ser remanejado para presídios de Campo Grande, Rio Brilhante, Corumbá e Ponta Porã. “Elas foram esparramadas. Muitas delas, por conta da falta de condições da família e a distância, não tiveram uma única visita até hoje”, explicou.

Se a transferência não foi fácil para Rodrigues, foi ainda mais difícil para a filha dele. O pai conta que a filha teve um processo de adaptação sofrido na nova unidade penal. A unidade penal sofre com superlotação e também com a falta de infra-estrutura. “O regime é fechado. Não tem solar. As internas ficam a maior parte do tempo nas celas, só com uma hora de banho de sol. Além disso, a situação de lá [Unidade Penal de Bataguassu] era a mesma daqui, antes da reforma, porém, com o agravante da superlotação”. Hoje em dia, a filha de Rodrigues trabalha na cozinha. Ela já trabalhava na unidade penal de Três Lagoas, antes de ser transferida.

Mesmo com todos os problemas, Rodrigues achou a obra mais de que necessária. “O presídio realmente precisava de uma reforma, estava muito deteriorado. A parte elétrica estava muito ruim, assim como a hidráulica. O mau cheiro era terrível lá dentro. Só que a reforma poderia ter começado antes e ter sido concluída antes”, explicou.

Rodrigues acompanhou de perto as obras da Unidade Penal. Como o salão fica a uma quadra do Presídio Feminino, com frequência ele visitava o estabelecimento. A última visita foi realizada antes do dia 20, quando os funcionários já estavam fazendo a limpeza do local. “Na época, chegaram a dizer que o presídio ia ser inaugurado no dia 20, mas que não tinha informações de quando as internas retornariam”.

Rodrigues aguarda a decisão de quando a jovem deverá retornar. A nova visita dele no presídio de Bataguassu acontece neste fim de semana, mas, se houver a confirmação da data de retorno das internas poderá ser adiada.

RETORNO

A inauguração da reforma do Presídio Feminino está prevista para às 8 horas de dia 3 (sábado), segundo a agenda oficial dos 32 anos da criação de Mato Grosso do Sul. A obra, realizada depois que a unidade penal foi interditada pela Justiça, contou com um investimento de R$ 680 mil e foi realizada pela empresa Rosa Acorsi Engenharia LTDA. A reforma da unidade penal teve início em novembro do ano passado.

Segundo a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), o prédio foi totalmente reestruturado. Foi realizada a substituição de toda a cobertura, além da reforma e ampliação dos sanitários, substituição do piso e pintura geral do prédio. A obra também contemplou a construção de uma passarela interligando a entrada principal e a parte administrativa, e urbanização interna. O setor administrativo também foi ampliado com a construção de quatro novas salas.

De acordo com Luiz Alberto Ojeda, diretor de Operações da Agepen, a capacidade da unidade penal permanece a mesma: 60 internas. O retorno das internas está previsto para acontecer logo após a inauguração, mas ainda não tem data oficial. Na semana passada, a Agepen já iniciou o processo de levantamento de dados da situação das internas. A medida visa saber quais delas já receberam o beneficio de semi-aberto e quantas foram presas após o início das obras.