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Três Lagoas

Donos de postos afirmam que frete e concorrência encarecem combustíveis

Segundo representante do Sindicato, Três Lagoas perde por mês 200 milhões de litros para SP

Frete de transporte rodoviário, alta carga tributária e a concorrência com os postos de combustíveis do Estado de São Paulo são alguns dos motivos que influenciam no encarecimento do combustível em Três Lagoas, segundo o representante do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sinpetro) no Município, Márcio Hirade.

Na quarta-feira (4), a edição do Jornal do Povo publicou, baseado em dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que o Município ocupa a terceira posição entre os municípios de Mato Grosso do Sul com a gasolina mais cara e a sexta, em relação ao preço do álcool na bomba. Pela pesquisa, a média de preço da gasolina é de R$ 2,801, enquanto que a do álcool é de R$ 1,86 a R$ 1,89. Os valores correspondem a uma diferença de R$ 0,24 e R$ 0,16, respectivamente, se comparado com a média de preços nos postos de Campo Grande.

Hirade explicou que a diferença de preços entre os dois municípios se deve ao frete cobrado para que o combustível chegue até Três Lagoas. Atualmente, o Município conta com quatro bases distribuidoras para buscar o combustível comercializado: Bauru (SP), a 350 km de distância; Presidente Prudente (SP), a 250 km; São José do Rio Preto, a 280 km, e Campo Grande, 330 km, aproximadamente. “Até estas cidades, o combustível é transportado de trem, cujo frete é quase irrisório. Depois, temos que pagar o frete para o transporte rodoviário destas cidades até Três Lagoas, ida e volta, já que, embora a linha ferroviária passe pela Cidade, não temos aqui uma base distribuidora”, explicou Hirade.

O sindicalista citou um exemplo: em média, o álcool custa, na distribuidora, em torno de R$ 1,61 o litro. Com o frete, o valor aumenta para R$ 1,66, aproximadamente. “Este acréscimo não aparece nos dados da ANP, que, por sinal são mal manipulados. Existe uma discrepância dos valores lá apresentados com a atual realidade”, completou, referindo-se ao valor mínimo apresentado no valor do álcool na distribuidora. Pela ANP, o valor mínimo era de R$ 1,20 e máximo de R$ 1,60, aproximadamente. Entretanto, na mesma estatística o desvio de padrão era de R$ 0,14, sendo que o correto, comparando mínimo e máximo, seria de R$ 0,41. “O que deve ter ocorrido foi um erro de informação na hora de captação ou até mesmo digitação destes valores no momento da pesquisa”, concluiu.

CARGA TRIBUTÁRIA

Para o sindicalista, também proprietário de postos de combustíveis na Cidade, a carga tributária e a concorrência “desleal” com o estado de São Paulo também contribuem diretamente para a alta nos preços. Conforme Hirade, há doze meses, o Município deixa de revender, por mês, uma média de dois milhões de litros de combustível por conta do posto de revenda situado na divisa de MS e SP. “A perda representa mais de 100 mil litros por empresa, se dividido entre os 17 postos existentes na Cidade. Em contrapartida, o custo fixo para se manter o empreendimento não muda. As contas de água, luz, folha de pagamento são as mesmas e, infelizmente, esta perda tem de ser jogada na bomba para não fecharmos”.

A diferença entre os valores dos dois Estados se deve ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS) em cima da pauta. Conforme Hirade, em Mato Grosso do Sul, o ICMS é de 17% para o diesel e 25% para a gasolina e o álcool. Enquanto isto, os impostos no Estado vizinho baixaram de 25% para 12% no álcool, por exemplo. “Enquanto o combustível no estado vizinho é comercializado a R$ 1,56 na bomba, pagamos R$ 1,66 na distribuidora. Hoje, pagamos R$ 2,39 na gasolina, enquanto lá [SP], ela é comercializada a R$ 2,49. Não há como competir. Perdemos o diesel no passado, agora perdemos a gasolina e álcool”.

O empresário Rubens Miranda Mello completou: “Além de estarmos perdendo os consumidores de Três Lagoas, os viajantes também deixaram de abastecer na Cidade. Os caminhões optam por abastecer em outros Estados. Eles apenas param em Mato Grosso do Sul para o banho e refeições, sem deixar um tostão nas bombas. Hoje, todos os Estados que fazem divisa com MS baixaram os impostos, exceto o nosso”, observou.

O mesmo problema, segundo Hirade, é vivido pelos donos de postos de combustíveis de cidades que fazem divisa com outros Estados, como Brasilândia, Bataguassu e Ponta Porã, cidade fronteiriça. “O que não acontece com Campo Grande. Lá [além da ausência do frete], os postos competem entre si, o que é mais justo. Enquanto não houver uma baixa no valor do ICMS não há como baixar os preços para nos tornarmos mais competitivos. E a população deve participar mais para mudar esta realidade. Não apenas em relação ao combustível. Se você conversar com empresários do ramo alimentício, materiais de construção e outros, todos vão alegar o mesmo problema”, disparou.