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Desavenças levam tucanos a antecipar debate sobre 2010

Ao mesmo tempo, o DEM reforçou a cobrança ao PSDB também pela definição do nome do candidato

Presidentes de diretórios estaduais do PSDB aumentaram ontem a pressão para que o partido defina no máximo até janeiro seu candidato à Presidência na disputa de 2010. Chamados para uma reunião que iria discutir as alianças políticas, direcionaram a pauta para a definição sobre a disputa presidencial, o que deixou o presidente da sigla, Sérgio Guerra (PE), numa saia-justa.

Ao mesmo tempo, o DEM reforçou a cobrança ao PSDB também pela definição do nome do candidato. Os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, disputam a vaga. Serra defende uma definição apenas em março; Aécio até o final do ano. "Cem por cento do partido querem antecipar a discussão. É um dado para os candidatos, nada mais", minimizou Guerra.

Embora apoiem o cronograma defendido por Aécio, presidentes estaduais levaram uma notícia ruim para o governador de Minas. Diante do presidente estadual do PSDB mineiro, Paulo Abi-Ackel, apresentaram pesquisas segundo as quais Serra tem hoje melhor performance nos Estados. "A maioria manifestou preferência por Serra", disse o presidente do PSDB do Maranhão, Roberto Rocha.

Sem citar o encontro de Aécio com o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), tucanos reclamaram do risco de "tensionamento" entre os dois. "A cada movimento que um faz, o outro reage. E isso pode ficar incontrolável", alertou Cláudio Diaz (PSDB-RS).

Dos 22 presidentes estaduais que participaram do encontro, apenas os de São Paulo e Bahia foram contra antecipar a discussão da candidatura. "Só deve antecipar se tiver um fato marcante, como uma chapa puro sangue, caso contrário é antecipar problema", disse o ex-prefeito de Salvador Antonio Imbassahy.

O argumento para a antecipação é que a candidata do governo, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), está em campanha, permitindo a costura de alianças nos Estados. Levantamento do PSDB indica que em pelo menos 12 Estados as alianças dependem da definição para a Presidência. A lista inclui Rio de Janeiro, Paraná, Bahia e Pernambuco. No encontro, perguntaram a Abi-Ackel se Aécio apoiaria Serra em Minas caso não seja o escolhido. Ele devolveu com outra pergunta antes de responder que sim: "E Serra apoiaria Aécio em São Paulo?" Ficou sem resposta.

A indefinição também dá margem a "ingerências" como a de Ciro Gomes, pré-candidato do PSB, que anunciou apoio a Aécio caso ele seja candidato. "O Ciro tem toda liberdade de apoiar quem quiser, mas não acredito que o partido dele troque a Dilma", disse Guerra. O DEM reuniu-se em Brasília em almoço promovido pelo governador José Roberto Arruda (DF), com objetivo de "mostrar unidade", já que nas últimas semanas grupos têm mostrado divergências sobre quem o partido deve apoiar.

"A divergência que existe é que alguns têm preferência por um candidato do PSDB, outros por outros. Eu prefiro o candidato Serra. Entendo e respeito os outros", afirmou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Ele e o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen promovem uma queda de braço com o presidente do DEM, Rodrigo Maia, para comandar as negociações com o PSDB. Sentido-se excluído das conversas com Serra, Maia passou a defender o nome de Aécio. Ontem, nenhum deles se manifestou na reunião. Apenas o governador Arruda discursou.

O ex-prefeito Cesar Maia não foi ao encontro. Recentemente, ele também defendeu o nome de Aécio. "Quem tratará das conversas com o PSDB é o presidente Rodrigo Maia", disse ACM Neto (DEM-BA).

Alvo de críticas dos tucanos, o encontro de Ciro com Aécio causou tremores no PSB. Líder do partido no Senado, Antônio Carlos Valadares (SE) acusou Ciro de tratar o partido como descartável. "O PSB está em segundo plano. Em primeiro, Aécio Neves. chefe de Ciro é Aécio Neves", protestou o senador, que quer aliança com Dilma.