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Três Lagoas

Entrevista com Márcia Rocha

Gerente do Sebrae regional do bolsão, formada em economia e pós-graduada em Administração de Empresas

Márcia Rocha é formada em economia, pós-graduada em Administração de Empresas Agrárias e Agroindústrias. Tem especialização em consultoria para Pequenas Empresas e Gestão em Turismo, Hotelaria e Eventos. Trabalha há 15 anos no Sebrae.

Em entrevista exclusiva ao Jornal do Povo ela traça um panorama da realidade do Turismo na Cidade. Alega que há possibilidades de se tornar um turismo internacional, mas enfatiza que para isso será preciso a união de várias associações.

Jornal do Povo – Você estudou economia, mas atua na área de Turismo. Como aconteceu essa transição?

Márcia Rocha – É uma história longa. Quando sai da faculdade resolvi montar minha empresa. Durante sete anos trabalhei como empresária no ramo da construção civil. Também tive uma loja de confecção e um porto de areia. Posso dizer que trabalhei em três segmentos diferentes. Durante a faculdade trabalhei em dois bancos. Mas só cheguei ao Turismo graças aos caminhos exigidos pelo Sebrae. Quando comecei fui direto trabalhar para a Feira da Indústria. Depois passei para o setor de agronegócios, o que exigiu uma especialização e por fim, em 1999 fui convidada para assumir o lugar da Nilde Brum, técnica responsável pelos projetos de turismo. Para mim foi o começo de um desafio. Até então minha única experiência era na participação de eventos. A especialização foi uma oportunidade oferecida pelo Sebrae, em um programa chamado Foco, feito pela USP [Universidade de São Paulo]. Era uma espécie de vestibular entre os funcionários e fazia o curso quem passava nessa prova. Os professores eram os melhores da área e foi assim que cheguei à área de turismo.

JP- Podemos afirmar que o turismo em Três Lagoas começou efetivamente com o trabalho de divulgação da Costa Leste?

MR- Não. A campanha fortaleceu essa divulgação. Antes os municípios atuavam sozinhos. Com a iniciativa do Sebrae o processo de regionalização do turismo começou a acontecer. Em 2001 reunimos os municípios que atuavam sozinhos para atuarem em conjunto. A ideia é que o turista transite por mais de uma cidade. No caso, Três Lagoas seria o pólo, e as cidades ao redor seriam beneficiadas. Quem vem até aqui pode conhecer Bataguassu, e utilizar o turismo de pesca. Há ainda a oportunidade de ir a Aparecida do Taboado, para pesca esportiva e também pela tradicional Festa do Peão. Paranaíba e Cassilândia também são regiões que se destacam com relação às águas. Três Lagoas também poderia valorizar ainda mais as questões da agropecuária e leilões, que são referências em todo Brasil.

JP- Qual foco Três Lagoas poderia explorar dentro do turismo?

MR- São várias vertentes que podem ser exploradas. O turismo de agronegócio, ecoturismo, turismo de eventos, entre outros.

JP- Existe uma política para desenvolver esse setor?

MR- A Prefeitura tem interesse, mas ainda está sendo montado um plano de ação. Na verdade o turismo já acontece, mas falta organizar. Colocar o produto nas prateleiras das agências, organizar para sermos mais profissionais.

JP- Como seria essa organização?

MR- Existem muitos ranchos. Eles poderiam se tornar pousadas, locais para locação. Precisamos fazer um diagnóstico profissional. Organizar o serviço para ser utilizado como profissão. Podemos fazer passeios de barco, parar em umas dessas pousadas e oferecer almoços. Há uma infinidade de serviços que podem ser oferecidos.

JP- Quanto tempo falta e do que depende essa transformação?

MR- Não falta muito tempo. Precisamos reunir as instituições. Temos universidades e várias instituições como o Sebrae, Senac e associações representativas no segmento, como a Associação Comercial. Muitas vezes ela nem se considera do meio, mas é de extrema importância a participação.

JP- Como todos esses segmentos são beneficiados?

MR- Quando o turismo acontece, todos os setores ganham. A pessoa quando sai do destino e vai para outro local tem as mesmas necessidades que em casa, ou até mais. Ela precisa abastecer, ir ao supermercado, também precisa se alimentar e por isso vai até restaurantes, lanchonetes e padarias. Geralmente, procura alguma lembrança, recorre à área do artesanato e até mesmo para o comércio. Muita gente gosta de comprar roupas, além claro de fazer uso dos hotéis para hospedagem. Tudo isso movimenta dinheiro, gera receita. É um dinheiro que vem de fora, a pessoa recebeu fora do Estado e está gastando aqui. Se ela vê um carrinho de cachorro quente, para e compra. Muitas são as pessoas beneficiadas. Eles utilizam vários serviços. O turismo gera diretamente 52 atividades econômicas e impacta 80 indiretamente.

JP- Qual a realidade da Cidade hoje, diante desse crescimento?

MR- Cada vez mais Três Lagoas está se estruturando. Claro que a Cidade sempre teve atrativos, mas atualmente a oportunidade é muito maior. É mais fácil trabalhar do que antes. Antigamente a Cidade precisava trazer o turista para cá, hoje ele vem atraído pelos negócios. É possível aliar o turismo de negócio e eventos com ecoturismo, turismo rural, náutico e pesca esportiva. Há ainda o turismo histórico cultural.

JP- Como o turismo histórico cultural pode ser trabalhado na Cidade?

MR- A Cidade tem toda uma história para contar. A ferrovia é um exemplo clássico, pois a história dela está ligada à vida de várias cidades do Estado, como Pantanal, Campo Grande. Por meio desse turismo é possível mostrar a Cidade, a região, pois todo turista vem com um foco. No tempo livre, ele quer conhecer um pouco dos costumes da Cidade.

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