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Preço do combustível em SP é menor que em MS

Cinco postos de combustíveis fecharam em menos de dois anos na Cidade

A abertura de mais um empreendimento no anel viário, na divisa entre os estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo preocupa os donos de postos de combustíveis em Três Lagoas. Na última semana, panfletos e folders circularam pela Cidade anunciando valores e serviços oferecidos no estado vizinho.

Representantes do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sinpetro) e proprietários se reuniram na manhã de ontem (4), no Posto Parati, para sensibilizar autoridades e mostrar porque Três Lagoas não tem condições de competir diretamente no preço praticado pelo Estado vizinho.

Segundo o representante da Sinpetro, Márcio Hirade, o custo atual em São Paulo, – vendido na bomba -, tem valor menor do que o preço de compra em Três Lagoas. “Nossa alíquota é de 17%, enquanto os outros estados reduziram para 12%. O consumidor paga atualmente R$0,67 de ICMS [Imposto Sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviço] em um litro de gasolina, e R$ 0,38 sobre o litro de álcool. Para nós seria viável trazer o combustível do estado vizinho, já que pagamos muito mais. Mas não podemos comprar de outro posto, nem diretamente usinas. Tudo isso precisa ser revisto e adequado, pois o município perde muito, inclusive o Estado”, ressaltou.

PREJUÍZOS

O setor amarga prejuízos, demissões e falências. Segundo representantes do Sinpetro, em menos de dois anos, cinco postos foram fechados na Cidade. Mais de 2 milhões de litros deixaram de ser vendidos e a queda no consumo é digna de desespero para a maioria dos proprietários.

“O que o Governo não entende é que é melhor ganhar um pouco menos, mas ganhar. Tentar vender menos e ganhar mais não supre o que está sendo perdido. O consumo vem caindo consideravelmente”, desabafou.

O fluxo de consumidores atravessando o Estado também preocupa, segundo Hirade, está é uma ação ilusória. “No preço atual do álcool, por exemplo, o consumidor consegue economizar no máximo R$ 12. Se for levar em consideração risco de acidente, possibilidade de multa, desgaste do carro e tempo de deslocamento já é possível ver que não vale tanto a pena”.

O sindicato alega que não pode fazer nada contra os postos no estado vizinho, mas acreditam que a panfletagem dentro de Três Lagoas seja desleal. “São postos com regimes tributários de São Paulo ‘dentro’ de Três Lagoas. É impossível, com a tributação atual alcançar este número. O Governo presume a alíquota sobre o lucro. É como funciona com o gado, soja. Mas o que dificulta é que 30% da arrecadação do governo vêm do combustível. É a maior receita que eles [Estado] têm e querem explorar”.

Com a reunião os dez empresários pretendem sensibilizar o Governo. “Queremos concorrer com igualdade. Precisamos de condições para competir com os empreendimentos de fora”.

REALIDADE

A má situação em que se encontram os proprietários não é recente. Nos últimos dez anos, como relata Hirade, a queda tem sido acentuada. “Mato Grosso do Sul tem 60 postos fechados em estradas. Prova que não há condições de sobrevivência. Nos últimos 10 anos tivemos redução de 70%, e de um ano e meio para cá, de 30 a 40%. Não é possível calcular prejuízos já que a Cidade cresce consideravelmente. O que sabemos é que se tivéssemos condições de competir diretamente, essas vendas poderiam ser muito maiores”. 

Atualmente a Cidade tem 15 postos em operação, mas Hirade ressalta que muitos ‘empurram com a barriga’. “Estamos tentando nos manter. Muitos sobrevivem com ajuda de bancos. Precisamos que o Governo se sensibilize, como está não podemos ficar. Hoje temos que trabalhar cortando custos. Não podemos vender mais barato porque não conseguiremos cobrir o custo. A situação está crítica, além de perdemos para quem viaja e passa pelo local, estamos perdendo os clientes que saem da Cidade e enfrentam a rodovia. Quem perde é a população que tem que se deslocar. Se alterassem a política tributária não precisariam desse sacrifício. Tudo encarece se os custos são altos, o frete fica mais caro, transporte coletivo, intermunicipal, tudo gira em torno do combustível. Ele influencia diretamente nessa cadeia”.