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"PMDB tem todo o direito de indicar o vice", diz Lula

"Agora, é ela quem vai escolher"

Menos de um mês depois de dizer que o PMDB precisa apresentar uma "lista tríplice" para que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, escolha quem será o possível candidato a vice de sua chapa ao Palácio do Planalto, em 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva amenizou o tom de suas declarações. Em café da manhã com jornalistas, Lula tentou corrigir as afirmações – que provocaram mal-estar e pedido de retratação por parte de peemedebistas – e fez vários elogios tanto ao PMDB como ao presidente da Câmara, Michel Temer (SP), cotado para ocupar a vaga de vice de Dilma.

"O PMDB é o maior partido da base aliada e tem todo o direito de indicar o vice", afirmou Lula. "Agora, é ela quem vai escolher". Questionado sobre se Temer seria, então, o vice da chapa petista, o presidente disse que estava preocupado com as manchetes dos jornais no dia seguinte e insistiu no direito de escolha por parte de Dilma. "Temer é um grande companheiro, um grande presidente da Câmara, um grande presidente do PMDB. Mas estou preocupado com as manchetes", disse ele, rindo. "Não quero que vocês escrevam nem que vai ser nem que não vai ser (vice)."

Pré-candidata do PT à Presidência, Dilma chegou a telefonar para Temer, no último dia 10, logo depois de o presidente ter sugerido, numa entrevista no Maranhão, que o PMDB preparasse uma lista com três nomes para ela escolher seu companheiro de chapa. Na ocasião, Lula argumentou que não se pode "empurrar" para Dilma alguém que não tenha qualquer afinidade com ela.

No café da manhã, hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – sede provisória do governo enquanto dura a reforma do Palácio do Planalto -, o presidente mostrou contrariedade com a crise que se formou após suas declarações. "Tem gente que quer transformar o óbvio em novidade", disse. "No momento certo, o PMDB e o PT vão se sentar (para discutir quem será o vice da chapa) e eu espero não estar presente. Rei morto, rei posto."

Serra e Aécio

Lula afirmou não acreditar que o PMDB passe a apoiar a possível candidatura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), à Presidência, e disse não saber se a desistência do tucano Aécio Neves da corrida ao Planalto é definitiva. "Não sei se foi um gesto dele para dentro do PSDB", comentou, ao lembrar que conversará com Serra nesta quarta-feira, em São Paulo, e com Aécio depois das festas de fim de ano.

Bem-humorado, o presidente também disse não saber se uma eventual chapa puro-sangue entre Serra e Aécio seria perigosa para Dilma. Em conversas reservadas, porém, petistas afirmam que uma chapa formada pelos governadores dos dois maiores colégios eleitorais do País causaria risco à possível candidatura da chefe da Casa Civil.

"Eu não sei se dois tortinhos, dois Tostões, se saem bem no mesmo time. Tenho dúvidas se é bom jogar Tostão com Tostão, Coutinho com Coutinho e Dirceu Lopes com Dirceu Lopes. Não sei se daria certo", comparou Lula, usando a tradicional linguagem futebolística.

Embora tenha dito que Ciro Gomes (PSB-SP) tem "todo o direito" de ser candidato à sua sucessão, o presidente afirmou que conversará com o deputado mais adiante, por volta do mês de março. Lula quer uma campanha polarizada entre Dilma e Serra – já que defende uma eleição plebiscitária de comparação entre os governos do PT e do PSDB. Sua ideia é que Ciro seja candidato ao governo de São Paulo, com apoio do PT. "Se eu perceber que o jogo político não comportar mais de um candidato da base aliada, tenho de ser leal e discutir com o Ciro", insistiu.