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Ted Kennedy & leão & ratos & brasília

Tudo bem que na vida pessoal ele prevaricava com grandes porres e escândalos sexuais que acabaram por inviabilizar o sonho da  Casa Branca. Mas a nação americana soube separar esse lado dele, da sua postura como defensor das grandes causas sociais, com as quais esteve sempre comprometido.
Desde 1962, quando assumiu o Senado no lugar do irmão John, era visto como um leão – que rugiu durante os mandatos de 10 presidentes da República.  Não foi por acaso que dos 100 senadores, 99 deles reconheceram sua eficiência parlamentar e coerência entre seu discurso e ações.  As manifestações de autoridades, os atos públicos e a presença de vários ex-presidentes nas cerimônias fúnebres atestam o prestígio do último da dinastia Kennedy.
Também lideranças de minorias sociais, que nas últimas quatro décadas foram aquinhoadas com os benefícios dos esforços de Ted, exaltaram sua brilhante carreira parlamentar. Foram mais de 2.500 leis pelas quais ele batalhou.  Aliás, em ocasiões como essa, o povo americano separa uma coisa da outra e faz justiça. Ted legislou contra interesses de poderosos e mesmo assim era reconhecido e respeitado pelos democratas e republicanos.
Enquanto isso… no maior país abaixo da linha do Equador… o povo tem bons motivos para se indignar com o desempenho de seu Senado, que em tese, deveria ser a casa do equilíbrio, dos conselheiros da República, como ocorre em países sérios e comprometidos com os  interesses da nação. Adotou-se a postura de que a política é um negócio como outro qualquer.
Para piorar, o Senado perdeu sua autonomia e a própria identidade. Não passa de um simples anexo do Palácio do Planalto, como mostra o noticiário do dia a dia recheado de escândalos.  Nem mesmo durante o período da Ditadura Militar o Senado foi tão manipulado e subserviente ao Poder Executivo como nos dias de hoje.
Imaginando que serão reeleitos no vácuo do prestígio pessoal do presidente Lula, senadores simplesmente ignoram leis internas, regras tradicionais e  normas da ética de conduta.  O próprio presidente da Casa, José Sarney é a antítese do seu ex-colega Ted Kennedy. Não tem a estatura que o cargo requer e suas atitudes pequenas lembram bem a ação daquele animalzinho rabudo, que furtivamente – todas as noites – morde o queijo que não lhe pertence.  Vaidoso e hipócrita, Sarney é o retrato vivo deste Senado moribundo, muito mais preocupado com vantagens pessoais.  O triste episódio protagonizado pelo Senador Suplicy – mostrando cartão vermelho ao presidente da Casa, é apenas mais um episódio de estarrecer!.
Moral da história: Se os americanos se vangloriam de um senador que não se vergou e nem barganhou, nós brasileiros apenas ficamos preocupados se o estoque de queijo é suficiente para a demanda do Senado.  Haverá queijo para todos eles? O Palácio do Planalto sinaliza que sim!


Manoel Afonso

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