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ESPIONAGEM É PODER

A presidente Dilma disse na ONU que espionagem “é séria violação dos direitos humanos”. Então imagine o tamanho da violação dos direitos humanos em uma fila de hospital público… E antes que o título acima assuste os mais sensíveis, quero lembrar que o mundo inteiro emprega para os serviços de espionagem o eufemismo “serviços de inteligência”. Inteligência que vem como sinônimo de uso da informação, não importa obtida como. Não precisa ter, necessariamente, conexão com o uso inteligente do cérebro… A presidente Dilma  disse na ONU que é uma afronta a  espionagem americana – ou a inteligência americana. Ninguém vai ligar muito, porque o mundo inteiro sabe que todos espionam todos e os mais poderosos espionam mais. Inteligência é poder. Poder estratégico, militar e comercial.

Na espionagem nem sempre tamanho é documento. O melhor serviço secreto e de espionagem do planeta seria o Mossad, de Israel, na escolha de nove entre 10 entrevistados. E nem sempre os americanos estão isentos de algum fiasco na área. O mais conhecido foi a informação de que haveria armas de destruição em massa em poder de Saddam Hussein, mas há fiascos mais recentes, como o de dar armas para os rebeldes líbios, que as usaram para invadir instalações diplomáticas americanas e matar o embaixador dos Estados Unidos. Há um fiasco em andamento, em relação à Síria, por falta de informações corretas sobre os rebeldes.

Mas fiquemos no Brasil, este pobre país indefeso a ponto de os americanos – a valerem as denúncias do desertor da NSA – acompanharem a comunicação entre a presidente Dilma e assessores. Quando quatro das maiores petroleiras do mundo desistiram do leilão do filé do pré-sal – Libra – fiquei imaginando que devem saber o que não sabemos. Se são realmente amigos, bem que poderiam nos contar. Talvez até tenham um relatório sobre a Patrobrás sendo usada por partido político.

Semana passada, quando a Polícia Federal desencadeou prisões e apreensões da Operação Miquéias – a da lancha de 5 milhões e dos carros esportivos de quase 3 milhões cada um – descobriu-se que a quadrilha tinha gente de confiança a ocupar cargos de confiança na Secretaria de Assuntos Institucionais da Presidência da República, no Ministério da Previdência, do Trabalho e Cia Nacional de Abastecimento. Se tivéssemos um bom serviço de inteligência, essas pessoas nem seriam recrutadas para o serviço público. O perigo é termos um serviço assim e ele não ficar a serviço do estado brasileiro, mas a serviço do governo e do partido que estiver no governo, como tem acontecido desde o início. Quando implantou o SNI, então Serviço Federal de Informação e Contrainformação, em 1956, Juscelino Kubitscheck o usava para se proteger de Carlos Lacerda e outros opositores, prever greves e vigiar movimentos esquerdistas, conta a História.