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Três Lagoas

Memorando entre Brasil e Bolívia dá força à expectativa de retomada da UFN3

Acordo entre os dois países prevê investimentos em fertilizantes nitrogenados

Simone Tebet em reunião com Franklin Molina Ortiz
Simone Tebet em reunião com Franklin Molina Ortiz

 A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o ministro de Hidrocarbonetos e Energias (MHE) da Bolívia, Franklin Ortiz, discutiram nesta quarta-feira (31), duas pautas interligadas e de interesse dos dois países.

Uma delas tratou do memorando de entendimento que tem por objetivo aumentar a produção de fertilizantes nos dois países e o projeto de integração sul-americana, que visa não apenas rotas rodoviárias ou de hidrovias, mas outras formas de integração, como a energética e a conectividade digital.

O acordo prevê, entre outras ações, “a articulação, elaboração e implementação, em ambos os territórios das partes, de projetos estratégicos nos campos da indústria e do comércio e da inovação de insumos agropecuários” e a “cooperação estratégica para a realização de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental; elaboração de projetos de engenharia e operação; atração de investimentos e melhoria do comércio de fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos”.

Nesse segundo, o memorando destaca os “projetos identificados com potencial, localizados em Três Lagoas e, e em Cuiabá (MS), e na Bolívia, em Porto Quijarro/Santa Cruz, em Uyumi/Potosí e Copaisa/Oruro, e Santivañez/Cochabamba”.

O memorando dá força à expectativa de retomada das obras da UFN3, pois a ampliação da oferta de gás da Bolívia para o Brasil é importante para o pleno funcionamento da unidade, que pertence à Petrobras. O plano estratégico da Petrobras para o período 2024-2028, anunciado em novembro do ano passado, trouxe a retomada de investimentos na área de fertilizantes, entre eles a conclusão da UFN3.

Enquanto o Brasil possui capacidade técnica e recursos para desenvolver cadeias produtivas na área de nitrogenados, a Bolívia possui grandes reservas de gás natural, insumo fundamental para a produção dos nitrogenados, além de minerais usados em outros tipos de nutrientes.  A implementação do memorando será conduzida por um grupo de trabalho conjunto, composto por representantes das áreas técnicas, que terá a responsabilidade de elaborar um plano estratégico de cooperação.

O memorando de entendimento foi assinado nesta terça-feira (30), pelos ministros Geraldo Alckmin, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária (MAPA), e Alexandre Silveira, de Minas e Energia (MME), pelo lado brasileiro, e, do lado boliviano, pelos ministros Franklin Ortiz e Remmy Gonzáles Atila, do Desenvolvimento Rural e Terras.

Para o ministro boliviano, tanto o memorando assinado ontem como as rotas de integração, que contarão com financiamento dos bancos de desenvolvimento regional, como Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), CAF e Fonplata, ampliam as possibilidades para o fortalecimento da economia boliviana e permitem a exploração das potencialidades e sinergias entre Brasil e Bolívia.

Duas das cinco rotas de integração sul-americana beneficiam diretamente a Bolívia e os Estados brasileiros na fronteira com o país vizinho, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre, e abrirão espaço para ampliar o comércio e as relações de turismo e culturais entre os dois países. Nesse incremento de relações, destaca-se a troca de insumos para a produção de fertilizantes. Ureia, cloreto de potássio e NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) são justamente os produtos cuja produção será ampliada na Bolívia a partir do memorando assinado ontem.

A ministra Simone Tebet observou que, enquanto a rota 3, chamada de Quadrante Rondon, interliga Mato Grosso, Rondônia e Acre à Bolívia, a rota 4, chamada de Capricórnio ou Bioceânica, também beneficiará a Bolívia pela proximidade. Pelo cronograma atual, a Bioceânica estará concluída antes da rota 3, que depende da ponte de Guajará-Mirim, cujo tempo de execução está estimado em 36 meses. “As rotas abrem portas para uma ampliação das trocas comerciais com a Bolívia”, disse Tebet.