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Livro 'O Avesso da Pele' é removido de escolas em Três Lagoas

Desde o início da polêmica sobre o livro, as vendas cresceram em mais de 6000% em todo o país

Desde o início da polêmica sobre o livro, as vendas cresceram em mais de 600% em todo o país. - Foto: Reprodução/TVC
Desde o início da polêmica sobre o livro, as vendas cresceram em mais de 600% em todo o país. - Foto: Reprodução/TVC

O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul determinou, recentemente, o recolhimento de exemplares do livro "O Avesso da Pele" do autor Jeferson Tenório, das escolas estaduais. Publicado em 2021, pela editora Companhia das Letras, a obra venceu o Prêmio Jabuti de Literatura Nacional, no mesmo ano. A obra tem causado polêmica nas últimas semanas. Isso porque um movimento tem pedido a retirada de exemplares de escolas públicas, alegando que o conteúdo seja impróprio para leitura, o que divide opiniões.

Segundo a Secretaria de Estado de Educação, os exemplares foram encaminhados para 75 das 349 escolas estaduais de Mato Grosso do Sul, até o momento, em Três Lagoas, os livros foram recolhidos de duas escolas: Fernando Corrêa e Edwards Corrêa. Outras unidades que contam com o livro na lista de exemplares, também devem ter o material recolhido, mas ainda sem prazo definido. A pasta não tem um número exato de quantos exemplares foram encaminhados às escolas, o número é definido de acordo com a quantidade de alunos das séries a qual o material deve ser destinado. 

Em nota, a pasta afirma que a retirada se deu por "uso de jargões que inviabilizam a utilização pedagógica no ambiente escolar", e que os livros "serão encaminhados para o acervo da secretaria".

O livro é classificado como ficção científica, e conta a história de um homem negro no Brasil. Em 2022, ele foi incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), pelo Ministério da Educação, o programa serve como base de orientação para escolas públicas de todo o país adquirirem os exemplares para formação complementar dos alunos.

No início deste ano, um movimento iniciado por uma diretora de uma escola no estado do Rio Grande do Sul, demandou a retirada destes livros das escolas alegando que a linguagem seria de "baixo nível e inapropriada aos estudantes".

Para a professora de literatura da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Amaya Prado, há um processo rigoroso até que um exemplar seja escolhido para estar dentro de uma escola. Os livros que são inscritos no edital precisam cumprir uma série de regras e normas, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Plano Nacional de Educação (PNE) e o Programa Nacional dos Direitos Humanos, além da Constituição Federal. Uma vez aprovado, os livros são incluídos em uma lista, que é disponibilizada aos governos estaduais para que as escolas selecionem os livros que vão compor as bibliotecas das unidades.

Em sessão ordinária na Assembleia Legislativa, dois deputados que assinaram o requerimento ao governo do estado pedindo a retirada do livro das escolas afirmaram não terem lido a obra. O deputado Pedro Caravina (PSDB), acredita que "o Ministério da Educação errou em disponibilizar os exemplares para as escolas". O deputado Zé Teixeira (PSDB), afirmou que se baseou em "um discurso de um deputado de Goiás sobre o livro".

Desde o início da polêmica sobre o livro "O avesso da pele", as vendas cresceram em mais de 6000% em todo o país, e hoje ele ocupa o topo da lista nos mais vendidos em ficção, segundo dados da Bookinfo. Atualmente, além de Mato Grosso do Sul, os governos dos estados do Paraná e Goiás também removeram o conteúdo das escolas estaduais.

Confira a reportagem sobre o assunto: