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Mais de 570 pessoas aguardam por doação de órgãos em MS

Apesar do número crescente de doações neste ano em comparativo com 2023, ainda há dificuldades para que mais doações sejam realizadas

Maioria das pessoas na lista de espera em MS aguardam por transplante de rim ou córnea - Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Maioria das pessoas na lista de espera em MS aguardam por transplante de rim ou córnea - Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), atualmente 577 pessoas aguardam na fila de espera de transplante de órgãos em Mato Grosso do Sul. Deste total, 185 pessoas esperam pelo transplante renal e 392 pacientes aguardam pelo transplante de córnea. De janeiro a abril de 2023, foram realizados 10 transplantes de rim e 55 transplantes de córnea no estado e, no mesmo período este ano, foram concluídos 13 transplantes de rim e 97 transplantes de córnea.

Os números mostram aumento no número de transplantes realizados em Mato Grosso do Sul e a coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Claire Carmen Miozzo, fala sobre a importância das famílias conversarem sobre a doação de órgãos, já que a falta de informação continua sendo um dos principais motivos para que as doações não sejam concluídas.

"Algumas famílias não doam alegando que desconhecem a vontade da pessoa que morreu, algumas alegam que vai demorar para o corpo ser entregue, algumas alegam que o atendimento hospitalar não foi adequado e também algumas desejam o corpo íntegro. Então muitas vezes as famílias não doam, na maioria das vezes por desconhecimento da vontade da pessoa que morreu, então nós temos que conversar sobre esse assunto, deixar claro em vida que somos doadores de órgãos e, caso ocorra alguma coisa, essa família está ciente da nossa vontade em vida e vai realizar a doação", explicou a coordenadora.

Hoje, em Mato Grosso do Sul, o transplante de rim e de córnea podem ser feitos pelo o Sistema Único de Saúde (SUS), pelos hospitais São Julião e Santa Casa. 

A médica nefrologista e coordenadora da Santa Casa, Rafaella Campanholo Grandinete, fala sobre os números de transplantes no hospital e conta também o que acredita que pode ser feito para melhorar o número das doações.

"No ano passado, nós tivemos 28 transplantes na Santa Casa. Esse ano, a gente já está com um número muito bom de 13 transplantes até o final do mês de abril. Nossa projeção é que a gente chegue no final do ano com o nosso maior índice desde o início da nova equipe, nossa projeção é que chegue a esse 35 e 40 até o final do ano. Se essa conversa sobre morte e sobre doação de órgãos e o querer doar os órgãos quando algo acontecer, for uma conversa só feita dentro de casa, nas escolas, em palestras, em auditórios, teatros, isso fica muito mais fácil. Só quem trabalha, quem tem a dor e o prazer de trabalhar com transplante, sabe o quanto esses pacientes que precisam de órgãos mudam de vida com o transplante" afirmou a especialista.

A chegada de um novo órgão mudou completamente a vida da estudante, Anne Raissa Roberto Ferro, que realizou a operação e recebeu um novo rim em março do ano passado e fala sobre o sentimento de gratidão e a importância da doação da doação.

"A vida vai continuar através de outra pessoa. A importância do sim e de uma autorização, de uma conversa com a família, fazem toda a diferença para que outras vidas possam continuar em outras famílias. Então é um conjunto, é uma família que está precisando e uma família que se despede, mas que vai continuar mantendo esse amor e outras famílias. Eu já trago a emoção porque é amor que eu não vou conseguir explicar nunca, saber que uma pessoa que eu nem conheço me permitiu sair da hemodiálise e viver a minha vida assim, como eu tanto desejei de novo", relatou emocionada.

A cozinheira Rosilene Pereira recebeu um novo rim há pouco mais de três semanas e fala também sobre a mudança no estilo de vida após o transplante.

"Nossa, minha vida melhorou bastante. Já estou muito mais animada, a minha médica já falou, aquela Rosilene de antes ficou lá atrás, agora é outra. Ela também já liberou tudo, posso comer as coisas, tomar água, muita coisa que eu não podia fazer. A doação é realmente muito importante para mudar a vida de muitas pessoas que estão no aguardo por um transplante", contou.

Confira a reportagem completa em áudio: