Veículos de Comunicação

Alerta

Medicamento Zolpidem terá venda restrita pela Anvisa

Relatório do colegiado da agência aponta que há um abuso no uso do medicamento e relatos de dependência e abstinência

Mudanças devem começar a valer a partir de agosto - Arquivo/RCN67
Mudanças devem começar a valer a partir de agosto - Arquivo/RCN67

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alterou o método de prescrição do hemitartarato de zolpidem, psicofármaco prescrito para pessoas que enfrentam problemas com insônia. O medicamento passará a ser incluído na lista de “tarja preta” em todas as doses (5mg, 10mg ou 12,5mg) e só poderá ser vendido por meio de receita médica tipo B, também chamada de “receita azul”, que tem um controle especial e só é distribuída a profissionais com cadastro na Vigilância Sanitária. Anteriormente, abaixo de 10mg era considerado como “tarja vermelha” e poderia ser prescrito pela receita tipo C, de cor branca.

A medida, de acordo com a Anvisa, é devido aos “relatos de abuso, dependência e sintomas de abstinência”, segundo o relatório do voto do colegiado na atualização da Portaria nº 344/1998.

A partir de 1º de agosto, o medicamento só poderá ser prescrito através da receita azul. Já os fabricantes terão até 1º de dezembro para alterarem a embalagem de tarja vermelha para tarja preta.

Segundo levantamento realizado pela equipe de reportagem do Jornal do Povo em três redes de farmácias e drogarias de Três Lagoas, em média, são vendidas mais de 200 caixas por mês do medicamento na cidade, sendo a de 10 mg, com 30 comprimidos, a maioria das prescrições médicas aos pacientes.

Para a psiquiatra Larissa Ormeneze, muitos pacientes que buscam o tratamento para a insônia estão utilizando o zolpidem de forma incorreta. “A ideia inicial do medicamento era que ele fosse tomado para induzir ao sono, ou para pessoas que viajam a grandes distâncias e tem jet lag (alteração temporária do ciclo de sono).

Mas o ideal, conforme a bula, era que o uso não ultrapassasse quatro semanas. É um medicamento hipnótico e que tem uma função sedativa. Tem pessoas que usam o medicamento como uma droga e acabam desenvolvendo uma dependência.”

A arquiteta Natascha Bustamante afirma que já tomou o zolpidem por uma semana sem orientação médica e sofreu com alucinações. “Eu achava que estava dormindo, mas não estava. Meu marido já chegou em casa e me viu mexendo no celular mesmo eu achando que estava desacordada.

Houveram noites que eu acordava e falava coisas que eu não me recordava depois.”, contou. Somente após o uso e das reações adversas, Natascha buscou a ajuda de um psiquiatra para o problema de insônia.