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Desabastecimento

Estoques da vacina contra catapora só devem ser normalizados em 2025

Secretaria de Saúde de MS mantém reserva técnica de doses para situações de surto nos municípios; em Campo Grande estoques estão zerados na rede pública de saúde

Doença é altamente contagiosa e as crianças são mais susceptíveis ao vírus - Foto: Getty Images/SouthAgency
Doença é altamente contagiosa e as crianças são mais susceptíveis ao vírus - Foto: Getty Images/SouthAgency

A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES-MS) confirmou que ainda enfrenta desabastecimento de doses da vacina contra a varicela, conhecida popularmente como catapora, causada pelo vírus Varicela-Zoster. 

De acordo com a SES, desde setembro do ano passado não há reposição das doses, que são compradas e enviadas pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios. Sem informar a quantidade atual em estoque, a SES garante que "existe uma reserva técnica na rede estadual destinada aos municípios para atendimento imediato em situações de surtos", mas que os estoques são considerados zerados para ações preventivas de rotina.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que a situação "decorreu das dificuldades regulatórias e operacionais enfrentadas pelo laboratório parceiro da Fiocruz na transferência de tecnologia – GlaxoSmithKline (GSK) –na fabricação da vacina, afetando o cumprimento do cronograma contratual".  

A situação começou a preocupar os médicos, em especial os infectologistas e pediatras, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinar, em março de 2023, a suspensão do imunizante devido à mudança no método de produção.

Quatro meses depois, a Anvisa voltou a liberar a distribuição, mas a interrupção já havia impactado o cronograma de entrega.

Em Campo Grande, onde os casos de catapora aumentam 55% neste ano, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou que o estoque da dose 'varicela monovalente' está zerado e "para que a criança não fique vulnerável ao vírus varicela, a estratégia adotada pelo município é a aplicação da tetraviral, que contém em sua composição a proteção necessária para este vírus, rubéola, caxumba e sarampo, resguardando, assim, o direito à saúde do paciente", diz a nota.

A vacina contra a catapora deve ser aplicada em duas doses: a 1ª dose aos 15 meses de idade (tríplice viral + varicela monovalente, ou tetra viral, quando disponível) e a 2ª dose, na rede pública, aos quatro anos de idade (varicela monovalente).  Em clínicas particulares, esse reforço pode ser aplicado três meses depois da primeira dose.

Para o pediatra Alberto Jorge Felix Costa, os pais devem ficar atentos para não deixar de imunizar as crianças, mesmo após esse prazo.  "Como essa vacina está em falta nos postos de saúde, ela pode ser realizada, a segunda dose, assim que chegar, até porque o nosso organismo desencadeia um efeito chamado memória imunológica. A gente não perde a primeira dose da vacina. Então, assim que for regularizada nos postos de saúde, essa vacina da catapora, da varicela, pode ser feita mesmo que atrase seis meses, um ano. Ela deve ser feita para que se complemente a imunização", informou o médico.

REPOSIÇÃO DOS ESTOQUES

Na rede pública, os estoques só deverão ser normalizados no ano que vem, conforme a última Nota Técnica (nº 40) publicada pelo Ministério da Saúde. O texto informa que "mesmo com as novas aquisições em andamento, os cronogramas de entrega disponíveis conforme capacidade de fabricação não atendem à necessidade integral do Programa Nacional de Imunizações de forma a regularizar o estoque deste insumo de forma imediata".

A nota esclarece que as próximas entregas da vacina contra a varicela estão programadas para o segundo semestre de 2024 mas "com perspectivas para regularização do fornecimento em 2025", ano em que vencem as doses da 'reserva técnica' da SES-MS. 

Já na rede privada, não faltam doses e a vacinação contra a catapora ocorre normalmente. O preço em clínicas particulares gira em torno de R$ 300,00.

A DOENÇA

A catapora (varicela) é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, mas geralmente benigna, causada pelo vírus Varicela-Zoster, que se manifesta com maior frequência em crianças e com incidência no fim do inverno e início da primavera. 

Em crianças, geralmente é benigna e autolimitada. Em adolescentes e adultos, em geral, o quadro clínico é mais exuberante. 

Quando ocorre em adolescentes e adultos, a infecção tende a ser mais severa. A doença também representa risco para pacientes imunocomprometidos ou portadores de doenças crônicas, como neoplasias, Aids, dentre outras.

A principal característica clínica da varicela é o aparecimento de lesões na pele que se apresentam nas diversas formas evolutivas (máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas), acompanhadas de coceira.

Uma vez adquirido o vírus Varicela, a pessoa fica imune à catapora. No entanto, esse vírus permanece em nosso corpo a vida toda e pode ser reativado, causando o Herpes-Zoster, conhecido também como cobreiro.

Transmissão

A catapora é facilmente transmitida para outras pessoas. O contágio acontece por meio do contato com o líquido da bolha ou pela tosse, espirro, saliva ou por objetos contaminados pelo vírus, ou seja, contato direto ou de secreções respiratórias. Indiretamente, é transmitida por meio de objetos contaminados com secreções de vesículas e membranas mucosas de pacientes infectados. 

Raramente, a catapora (varicela) é transmitida por meio de contato com lesões de pele. O período de incubação do vírus Varicela, causador da Catapora, é de 4 a 16 dias. A transmissão se dá entre 1 a 2 dias antes do aparecimento das lesões de pele e até 6 dias depois, quando todas as lesões estiverem na fase de crostas.

Importante: Deve-se afastar a criança da creche ou escola por 7 dias, a partir do início do aparecimento das manchas vermelhas no corpo.

Tratamento

No tratamento da catapora, em geral, são utilizados analgésicos e antitérmicos para aliviar a dor de cabeça e baixar a febre, e anti-histamínicos (antialérgicos) para aliviar a coceira. Os cuidados de higiene são muito importantes e devem ser feitos apenas com água e sabão.

Para diminuir a coceira, o ideal é fazer compressa de água fria. As vesículas não devem ser coçadas e as crostas não devem ser retiradas. Para evitar que isso aconteça, as unhas devem ser bem cortadas.

A medicação a ser ministrada deve ser orientada por profissionais de saúde, pois o uso de analgésicos e antitérmicos à base de ácido acetilsalecílico é contraindicado e pode provocar problemas graves.

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