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Número de trabalhadores com mais de 60 anos aumenta no mercado de trabalho

Empresas que já contrataram profissionais mais experientes notaram resultados positivos

Brasil possui mais de 3,04 milhões de trabalhadores formais nessa faixa etária. - Foto: Reprodução/TVC
Brasil possui mais de 3,04 milhões de trabalhadores formais nessa faixa etária. - Foto: Reprodução/TVC

Uma pesquisa do Ministério do Trabalho aponta que o número de trabalhadores formais com mais de 60 anos aumentou em todo o país, refletindo o envelhecimento da população brasileira e a busca por complementar a aposentadoria.

O levantamento indica que o país tem 3,04 milhões de trabalhadores formais nessa faixa etária e Três Lagoas segue esse cenário positivo. A corretora de imóveis Sulimar Covre, de 67 anos, é um exemplo. Após anos em sala de aula, mesmo aposentada, resolveu voltar a trabalhar em uma imobiliária.

Ela relata que, embora o lado financeiro tenha pesado, o sentimento de ser útil falou mais alto na decisão de retornar ao mercado de trabalho. “Na verdade, eu me sinto muito ativa porque gosto de interagir com as pessoas e trabalhar. Não sei ficar parada. Claro, a parte financeira conta muito, mas o mais importante para mim é estar em contato com os outros”, explica.

A presença dela mudou a rotina do escritório; competente e profissional, a experiência de Sulimar é fundamental no dia a dia da empresa. Ela é considerada "a mãezona" pelos colegas de trabalho, sempre encontrando a forma adequada de atender e entender os companheiros de serviço.

Além disso, o comprometimento e outras qualidades que só o tempo traz acabam refletindo na equipe. Para o empresário Beto Gusmão, a junção entre os mais jovens e os mais experientes tem dado bons resultados. “Precisamos unir o pessoal mais jovem com os mais experientes. A importância de trazer os mais experientes para dentro das empresas é que os jovens são muito bons com redes sociais e tecnologia, mas em setores como o imobiliário, a interação pessoal é importante. As pessoas mais experientes têm esse "tino" para isso. Acreditamos que essa união entre os mais experientes e os mais novos pode trazer resultados mais favoráveis, incluindo a troca de experiências dentro da empresa”, afirma.

O número de vagas oferecidas para pessoas com 60 anos ou mais no Brasil é inferior quando comparado aos países desenvolvidos. No entanto, as empresas que já contrataram profissionais com essa experiência notaram uma mudança no grupo e observaram resultados positivos.

Como a própria Sulimar explica, há muitos profissionais com mais de 60 anos e com muita disposição para trabalhar. O trabalho tem feito bem não apenas para as finanças, mas também para a vida pessoal dela. “Eu sinto muito carinho e respeito pelo que faço, e sou extremamente comprometida. Desde que retornei ao trabalho há 6 meses, não faltei um único dia, pois me sinto mal quando não estou presente. Isso demonstra meu comprometimento e respeito pelos meus colegas. Aqui na imobiliária, me sinto em casa; os proprietários são pessoas queridas e honestas, que me tratam com respeito. Com 67 anos, me sinto muito bem, meus filhos dizem que melhorei bastante desde que retomei o trabalho, estou mais alegre”.

A presença de profissionais com mais de 60 anos como Microempreendedores Individuais (MEI) também cresceu. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Três Lagoas, 8% da população idosa está em atividade, com mais de 400 MEIs acima de 60 anos abrindo os próprios negócios.

O analista técnico do Sebrae, Márcio Ohashi, explica esse comportamento. “Geralmente, elas procuram complementar a renda porque muitas vezes o valor da aposentadoria não é suficiente para cobrir todos os custos. Além disso, algumas vezes buscam formalização porque começaram de maneira informal e podem enfrentar fiscalizações, então procuram ajuda para se formalizarem”.

O Sebrae de Três Lagoas destaca que a maioria dos Microempreendedores Individuais é composta por mulheres, entre as principais atividades estão artesanato e culinária. Na Feira Central, a MEI Miriam Ferreira, de 67 anos, trabalha vendendo tapioca. Ela conta que sempre trabalhou na lavoura e, nesta fase da vida, vende tapioca, sendo a principal fonte de renda da família. “Eu trabalho porque é necessário, nós temos contas para pagar e deveres a cumprir. Essas responsabilidades precisam ser pagas com nosso trabalho. Eu ainda não tenho aposentadoria e estou lutando por ela”, explica.

De acordo com a pesquisa do Ministério do Trabalho, a população com menos de 30 anos está diminuindo, e o que se espera é que as ocupações geralmente desempenhadas por jovens sejam substituídas por pessoas com mais experiência.

Confira a reportagem abaixo: