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Eldorado Brasil

Decisões judiciais de ações podem destravar projeto da 2ª linha de celulose

Disputas por controle acionário de fábrica e brigas entre sócios emperram projeto de ampliação

O projeto de ampliação da fábrica de celulose Eldorado Brasil, que tem sede em Três Lagoas, pode ser destravado e sair do papel a partir de definições sobre ações de sócios da companhia que tramitam na Justiça.

A J&F, dos irmãos Joesley e Weslley Batista, que tinham 50,59% do capital total da Eldorado, perdeu na Justiça 8,28% das ações representativas do capital social, que agora voltaram por meio de liminar concedida no mês passado, ao empresário Mário Celso Lopes. A Paper Excellence, com sede na Holanda, controlada pelo bilionário indonésio Jackson Widjaja, tem os outros 49,40% da empresa.

Em setembro de 2019, Lopes entrou com uma ação na Justiça de Mato Grosso do Sul alegando que sua participação na Eldorado foi diluída em 2011 para 16,72%, sem a sua anuência. A J&F, por sua vez, tem feito várias publicações com documentos de que Mário Celso vendeu em 2012, os 25% de sua participação acionária aos irmãos Batista.

Caso mantenha a decisão do mérito da ação questionada por Mário Celso, a Paper Excellence passará a ser sócia majoritária. O empresário declarou que, se isso ocorrer, venderá os 8,28% para a empresa da Holanda, que afirma aguardar uma definição da compra da fábrica para iniciar o projeto de expansão, que está paralisado há pouco menos de três anos.

O investimento, no entanto, depende do desfecho de uma batalha bilionária da transferência de controle da Eldorado, parcialmente vendida pela J&F para o grupo asiático por R$ 15 bilhões.

O contrato de venda foi assinado em setembro de 2017 e previa 12 meses para o fim da aquisição, mas em agosto de 2018, a disputa foi parar na Justiça. Desentendimentos entre comprador e vendedor levaram a negociação à Câmara de Mediação e Arbitragem da Câmara Internacional de Comércio Internacional, um tribunal arbitral em São Paulo. As duas partes fizeram depósitos de R$ 11 bilhões cada, como cumprimento de parte do contrato.  

No final do mês passado, a Eldorado informou que seus sócios concordaram em estabelecer um órgão de coordenação para a cooperação entre as partes e decisões consensuais. O caso deve ter um desfecho até meados de 2020.