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Editorial

A luta está perdida?

Leia o Editorial do Jornal do Povo deste sábado (15)

O Brasil registrou seus primeiros casos de dengue no início da década de 1980 – época em que quase ninguém sabia que o país enfrentaria um mosquito “mostro”. De lá pra cá, milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus da doença não apenas por aqui, mas pelo mundo ou ao menos por onde brasileiros seguiram e levaram o inseto. Como pessoas, milhões ou bilhões de reais foram empregados na guerra para acabar com o mosquito. Em vão.  

Quatro décadas depois, a luta continua e ainda sem previsão de fim. Muito menos de vitória. 

As epidemias de Três Lagoas são um retrato 3×4 da situação brasileira. O país vive situação de crise permanente, com registros de todos os “tipos” da doença e milhares de mortes. A cidade acumula milhares de registros de exames positivos em que os pacientes não são apenas os moradores de periferia onde se imagina haver maiores focos do inseto. Os pacientes são de todos os bairros e classes sociais, diferentes em muitos aspectos, mas iguais em um deles e talvez o mais importante: a informação. De crianças a idosos, todos sabem que o mosquito se reproduz em água limpa ou não e que não tem outro alimento senão o sangue humano.

Mesmo assim, não são raras as notícias de que focos do mosquito são encontrados em casebres e em casas de alvenaria, na periferia e no centro, entre iletrados e bem formados cidadãos. Ou seja, o mosquito encontra criadouro por onde voar, em todas as cidades.

Órgãos de governo gastam montanhas de dinheiro em campanhas de alerta, inseticidas, treinamento de pessoal etc, e não alcançam sucesso.

Onde estaria o erro? Nas autoridades, que gastam mal, ou na população que não faz sua parte? Ou nos dois?
A dengue é doença incapacitante, que tira todas as suas vítimas do trabalho, da escola e de todas as demais atividades. E que mata. Só neste ano, Mato Grosso do Sul já tem 11 mortes pela doença. No ano passado inteiro foram 27, com mais de 40 mil casos positivos.

Especialistas dizem que só boa educação, higiene e vigilância permanente podem ser eficazes contra o mosquito. Então, quer dizer que o fim desta luta ainda está distante.