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‘Desespero’, define médica que contraiu a Covid-19

Profissionais da saúde estão na linha de frente ao combate à pandemia

Foi um período de muito medo. Essa foi a definição dada pela médica cardiologista Vivian Alves, de Três Lagoas, sobre os dias em que conviveu com o novo coronavírus. Na linha de frente ao combate da pandemia da Covid-19, ela acabou sendo contaminada. “Foi um período de muito medo. De desespero, na verdade. Porque não dá para saber como a doença vai evoluir”, conta a médica que já concluiu a quarentena e está recuperada da doença. Vivian foi contaminada durante os atendimentos hospitalares e, agora, curada, já retornou ao trabalho.

Ela cita que tinha medo da evolução da doença e como o organismo reagiria. Mas também temia pela saúde da família. “Tenho uma filha de 2 anos e marido. Ficamos trancados em casa por 15 dias em quarentena. Felizmente, eles não foram infectados e, com o tempo, fui perdendo os sintomas e me recuperei”.

A perda do paladar e do olfato, além de muita dor no corpo foram os primeiros sintomas que a cardiologista apresentou. Mas foi a falta de ar que a deixou assustada. “Pequenas tarefas que executava em casa me deixava muito cansada. Isso me preocupava”.

Os sintomas são semelhantes ao que o enfermeiro Rafael Guimarães teve. “Fui contaminado durante um atendimento. Dois dias depois comecei a ter os primeiros sintomas e testei positivo. Quando soube, senti que perdi o chão. A gente tem o conhecimento da doença, mas não quer ser mais um. Fiquei muito nervoso, mas depois aceitei e entrei em quarentena. O isolamento não é fácil, mas é essencial, principalmente, para que eu não contaminasse mais ninguém”, relembra.

O distanciamento social e outros cuidados, como uso da máscara e higienização das mãos e bons hábitos alimentares foram apontados como medidas de prevenção pela médica. “É importante estar com a saúde em dia, para que, se caso, seja infectado, não haja riscos de complicações futuras”.

ESTADO

Segundo Secretaria de Estado de Saúde, 40 profissionais da saúde foram infectados pelo novo coronavírus.

Secretária diz que não falta médico

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, 14 profissionais de saúde de Três Lagoas foram infectados. Com isso, tiveram que ficar por, pelo menos, 14 dias afastados de seus postos de trabalho em quarentena – período de completo isolamento social  que o paciente deve permanecer em casa para evitar a disseminação do vírus.  
Perder profissional da saúde em plena pandemia é tudo que nenhum município quer. Com trabalhadores contaminados, significa menos médicos, enfermeiros e agentes de saúde disponíveis para atender a população. Em Três Lagoas, no entanto, mesmo com o afastamento temporário desses 14 profissionais, a secretária municipal de Saúde, Angelina Zuque, destaca que os hospitais, unidades de saúde e Unidade de Pronto Atendimento (UPA) não ficaram comprometidos.

“Nós redividimos todas as equipes. Assim como diminuíram as consultas eletivas, nós remanejamos esse pessoal para suprir os que estão afastados. Importante lembrar que o servidor foi afastado não somente por ter contraído a Covid-19, mas também aqueles que fazem parte de algum grupo de risco e aqueles que apresentam sintomas de gripe ou resfriado, mesmo não sendo Covid-19. Por enquanto, não estamos precisando de novas contratações. Mas se necessário for, isso poderá ocorrer”, declarou.

EPIs

Para garantir proteção aos trabalhadores que estão na linha de frente, os equipamentos de proteção individual, os chamados EPIs, são essenciais  e não podem faltar. Além dos materiais que o município e o Estado estão comprando, os trabalhadores da saúde estão tendo a ajuda de muitos voluntários, que fabricam, por conta própria, máscaras de tecido, protetores faciais e aventais.

“A realidade aqui não é diferente do restante do mundo. Faltam equipamentos em todos os países. É o mundo tentando comprar os mesmos produtos nessa batalha. Nós fizemos licitações e as empresas não conseguem atender toda a demanda. Estamos utilizando os estoques anteriores e doações vindas do Ministério da Saúde, da Secretaria de Estado e de empresas públicas e privadas, que nos ajudam com máscaras N-95 e cirúgicas. O IFMS também é exemplo de doação com a impressão 3D de protetores faciais.