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Encalhada

Emperra venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas

2022 encerrou sem avanço no processo de venda da UFN 3, cujas obras foram paralisadas em dezembro de 2014

Petrobras já havia investido no empreendimento, em torno de R$ 3,8 bilhões. - Divulgação
Petrobras já havia investido no empreendimento, em torno de R$ 3,8 bilhões. - Divulgação

O ano de 2022 encerrou sem conclusão da venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN 3), da Petrobras, em Três Lagoas. O processo de venda da UFN 3 foi retomado no final de maio do ano passado, após fracassar a negociação com o grupo russo Acron. Na época, a Petrobras disse que o plano de negócios proposto impossibilitaria as aprovações governamentais para a transação, já que o requisito mínimo exigido do comprador é o compromisso de concluir as obras de construção da fábrica. A Acron tinha um plano para fazer apenas uma misturadora na estrutura da fábrica e não produzir nitrogenados.

A Yara Fertilizantes, companhia norueguesa, um dos principais players globais e do setor de fertilizantes no Brasil, estava negociando a compra da unidade Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, mas no mês passado, desistiu de seguir com o processo de compra da unidade, que estava à venda desde setembro de 2020. Neste período, a companhia analisava também a possibilidade de compra da UFN 3.

A Petrobras informou em comunicado ao mercado, sem citar nomes, que o processo de venda da unidade do Paraná foi encerrado. Em relação a UFN3, a estatal diz que não tem novidades e permanece o comunicado divulgado ao mercado em abril do ano passado, de que à venda ainda não foi concluída e que o projeto se encontra na fase vinculante, não tendo alcançado ainda o estágio de recebimento de propostas. A estatal diz ainda que é preciso aguardar a posse da nova diretoria da Petrobras para se posicionar sobre a venda dos ativos. 
Segundo fontes de mercado, é complexo pensar em comprar uma unidade de fertilizante no meio de uma mudança de mandato, pois é preciso esperar o que o governo atual fará de política para o setor e qual será o papel da Petrobras na indução desses investimentos.
Em nota enviada ao Jornqal do Povo, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, como responsável pela governança das empresas estatais, diz que irá apoiar os demais ministérios na revisão dos processos de análise e operações que tenham como objetivo a desestatização, avaliando os impactos dessa privatização sobre os serviços e as políticas públicas e no desenvolvimento do país.

Para o secretário da Casa Civil de Mato Grosso do Sul, Eduardo Rocha, agora Simone Tebet como ministra do Planejamento e Orçamento, deve ajudar a destravar a retomada e conclusão da UFN. A UFN 3 foi projetada para produzir 1,2 milhão de toneladas de ureia e 761.000 toneladas de amônia por ano. O projeto inicial da Petrobras era ser um grande produtor de fertilizantes, mas decidiu sair do segmento de fertilizantes. 

As obras de construção da UFN 3, iniciadas em 2011, foram paralisadas em dezembro de 2014, com avanço físico de cerca de 81%, até a Petrobras romper o contrato com o Consórcio UFN 3. Em 2017, a estatal informou que não tinha interesse no segmento de fertilizantes e colocou não só a UFN 3, mas também a fábrica de Araucária, no Paraná, à venda. Em 2020, arrendou as unidades de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) e de Sergipe (Fafen-SE) para o grupo Unigel, após encerrar as atividades nos locais.