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Saúde

Santa Casa realiza captação de órgãos de criança de 10 anos

Rins serão encaminhados para São Paulo e as córneas ficarão no Banco de Olhos

Um procedimento pouco comum aconteceu nesta sexta-feira, dia 6, na Santa Casa de Campo Grande. Uma criança de dez anos teve rins e córneas captados para doação, após ter morte encefálica confirmada ontem e a família, que não é do Estado, autorizar o procedimento. Os órgãos foram encaminhados para São Paulo, já que no Estado não havia receptores em compatibilidade, e os tecidos ficaram no Banco de Olhos do hospital.

O pequeno doador teve morte encefálica ontem em decorrência de uma sinusite que evoluiu rapidamente para uma infecção bacteriana cerebral gravíssima, quadro infeccioso que levou a uma trombose venosa cerebral (tipo AVC) irreversível.

O trabalho de captação foi realizado pela equipe formada pelo cirurgião e médico urologista, Dr. Guilherme Stangarlin e pelo residente em urologia, Dr. Ricardo Ossuma Tamazato, além destes, também contribuíram no processo, os profissionais de enfermagem, anestesistas e instrumentadora cirúrgica. A equipe da OPO (Organização de Procura de Órgãos) acompanhou todo o trabalho de captação e encaminhamento dos órgãos que seguiu para São Paulo em voo comercial.

A Santa Casa é em Mato Grosso Sul referência na captação de órgãos e transplantes. O hospital possui um bom histórico em relação aos órgãos que são ofertados devido à boa manutenção desse potencial doador nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Esse cuidado influencia na aceitação pelos centros transplantadores em todo o País dos órgãos aqui captados.

“Da mesma forma como fazemos captação e buscamos um receptor, recebemos demandas todos os dias dos mais diversos locais do País. Nossa prioridade é sempre encontrar um paciente que necessita dos órgãos aqui no Estado e, só após confirmar que não tem compatibilidade, que enviamos para outras centrais de transplantes”, comentou o coordenador da OPO, Rodrigo Corrêa Gomes da Silva.

 

Números

Em 2020, entre 1º de janeiro e hoje (6 de novembro), 95 pacientes tiveram morte encefálica na Santa Casa, sendo que dessas apenas 27 famílias recusaram a doação de órgãos. Já 30 preencheram os requisitos e se transformaram em doadores.

“Fazemos todo um trabalho de acompanhamento as famílias, mostrando a importância de ser um doador e não posso deixar de agradecer as que aceitam doar. Doação de órgãos e um ato de amor ao próximo”, comentou Rodrigo.

Dos 30 pacientes que tiveram órgãos captados pela equipe da Santa Casa, foram 54 rins, 17 fígados, quatro corações e dois pulmões.