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Onças-pintadas resgatas com queimaduras no Pantanal também t

Tiro pode ter contribuído para morte do animal, que estava com pulmão debilitado

Como se já não bastassem os ferimentos provocados pelos incêndios florestais que atingiram o pantanal neste ano, as duas onças pintadas resgatadas no início deste mês por equipes do CRAS (Centro de Recuperação de Animais Silvestres) já tinham ferimentos de bala. Durante a biópsia num dos animais, que faleceu pouco tempo depois do atendimento, o veterinário do Centro encontrou um projétil alojado região do tórax, o que pode ter contribuído para a morte do felino.

A bala pode ter diminuído a função respiratória, o agravaria o estado de intoxicação pela inalação da fumaça.  “A pele rebatida mostra musculatura esquelética também vermelho-escurecida, com lesão nodular de coloração pardacenta e firme ao corte. Aberta, mostra presença de projetil de grosso calibre, envolto por tecido granulomatoso sem hemorragia. Observa ainda em lobo cranial direito presença de estilhaço de projétil acima mencionado, restrito a pleura”, escreveu o professor doutor Gilberto Facco, que assina o exame de necropsia.

Da mesma forma, exame de Raio-X feito na onça sobrevivente mostra a presença de uma bala na região toráxica. Trata-se de um projetil de pequeno porte e o ferimento deve ter ocorrido já há alguns meses, pois a pele está completamente cicatrizada, afirma Cazati. Ele avalia a necessidade de proceder a uma cirurgia para retirar o metal.

Essa onça está com quadro de saúde estável, alimenta-se bem, já passou por exames de ultrassom, Raio-X, hemograma completo, funções hepática e renal, os ferimentos nas patas causados no incêndio apresentam melhora. Havendo a necessidade da cirurgia para retirada da bala, essa onça deve permanecer ainda por uns três meses no CRAS até se recuperar completamente.

Ante a revelação dos exames, o diretor presidente do Imasul, André Borges, esteve na Delegacia Especializada de Crimes Ambientais (Decat) e registrou Boletim de Ocorrência. “Entendemos que é preciso investigar, procurar identificar os responsáveis e punir”, afirmou Borges.

O delegado Maercio Alves Barbosa disse que já encaminhou o projetil para o Instituto de Criminalística a fim de determinar o calibre e o tipo de arma que fez o disparo. Com essas informações a Polícia vai instaurar um inquérito e pode fazer diligências na região para tentar identificar os culpados.

As onças foram resgatadas por equipes de voluntários no dia 4 de novembro. Estavam próximas ao rio Paraguai, na região da Serra do Amolar, em condições precárias, sendo que uma não conseguia andar. O transporte a Campo Grande foi feito numa aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira). São dois machos com menos de dois anos de idade, avalia Cazati.