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Mutação

Transmissão de nova cepa da Covid-19 é alta, explica infectologista

Segundo o pesquisador da Fiocruz, o infectologista, Júlio Croda, uma pessoa com a nova cepa, pode infectar outras quatro

Pesquisador colabora com pesquisa para identificar eficácia das vacinas contra a nova cepa - Divulgação
Pesquisador colabora com pesquisa para identificar eficácia das vacinas contra a nova cepa - Divulgação

Ao menos oito estados brasileiros registram infecções pela nova cepa do Sars-Cov-2, identificada como a variação brasileira do novo Coronavírus. Segundo o infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), doutor Júlio Croda, a variante é mais contagiosa e essa característica pode levar à sobrecarga no sistema de saúde. “Proporcionalmente, mais pessoas vão precisar de internação hospitalar, mais pessoas vão, eventualmente, precisar de leitos de UTI”.

A mutação preocupa autoridades de saúde do país e para entender quais as características da cepa brasileira, riscos de contaminação, eficácia das vacinas e cuidados que precisam ser tomados, a CBN, emissora integrante do Grupo RCN de Comunicação,  entrevistou com o pesquisador Júlio Croda. Confira a entrevista na íntegra:

A cepa brasileira é mais agressiva?
Julio Croda
Ela é mais transmissível. Assim como a cepa do Reino Unido, a cepa da África do Sul, tem mutações específicas no código genético. E essas características dessas três variantes permitem que elas sejam mais transissíveis. Então, a pessoa em vez de infectar duas, pode infectar quatro pessoas. E isso, se colocarmos na escala exponencial, vai gerar mais pressão no serviço de saúde porque, proporcionalmente, mais pessoas vão precisar de internação hospitalar, mais pessoas vão, eventualmente, precisar de leitos de UTI. 

As vacinas que temos no país são eficazes contra a nova cepa?
Julio
Não temos nenhum dado em relação à variante brasileira e das duas vacinas que nós ofertamos à população. É urgente que o Ministériio da Saúde e, principalmente, o Amazonas, produzam essa informação para entender se a vacina funciona nessa variante. Em Manaus, a variante predominante, atualmente, é essa nova variante. Então, se as pessoas forem vacinas lá e não adquirirem a doença, é porque a vacina funciona. Um estudo que estamos fazendo em Manaus, que vai auxiliar todo o país no sentido de verificar a eficácia das vacinas contra a nova cepa. Ná varianete da África do Sul, as vacinas que foram testadas lá, houve uma perda de eficácia, mas a vacina continuou funcionando. Então, teremos os dados em março para divulgar para toda comunidade científica e comunidade em geral.

Os cuidados com uso da máscara precisam ser redobrados?
Julio
A gente sabe que a máscara bem utilizada, diminui a transmissão e para uma cepa mais transmissível é super importante. Essa recomendação de usar várias máscaras ao mesmo tempo é de um estudo realizado nos Estados Unidos, onde foi demonstrado que usar uma máscara cirúrgica por cima da de pano, foi mais efetiva no sentido de prevenir infecções. Mas, o conceito básico disso qual é? É que você ao usar uma máscara adequada que se adapte a sua face evitará a eliminação de gotículas que possam transmitir a doença para outra pessoa. 

Pessoas que contraíram Covid-19 podem se infectar com a nova cepa?
Julio
Dados de Manaus sugerem que sim. Então é isso que a gente chama de escape imunológico. Então, sabemos que existe uma maior frequência de reinfecção em Manus, então, mais um motivo para adotar medidas preventivas. Mesmo que você já tenha tido a doença, se tiver circulação da nova variante, você pode adquirir novamente a doença.