O efeito Fadinha está sendo avassalador no Brasil. Após conquistar a prata em Tóquio, na estreia do skate em Jogos Olímpicos, Rayssa Leal, de 13 anos, colocou o esporte no topo do mundo e na vitrine dos brasileiros, que agora, sonham em chegar onde Fadinha chegou ou apenas descobrir um novo hobby.
Assim a maranhense, Kelvin Hoefler também ficou com o 2º lugar no Skate Street, o que explodiu a busca e compra de equipamentos do esporte. Conforme dados, na segunda-feira (26) a plataforma de vendas Mercado Livre registrou recorde de vendas de patins e skates, a maior venda de 2021. Em comparação com as aquisições registradas nas últimas quatro segundas-feiras, o ml contabilizou um aumento de 50% nas vendas da categoria.
O mesmo foi registrado na Netshoes, com 79,7% de aumento nas vendas de skate quando comparado com o a segunda-feira da semana passada. A centauro também indicou crescimento expressivo nas buscas por produtos da categoria, chegando a 400%.
Na capital, lojas que vendem produtos ligados a nova modalidade olímpica não relataram um aumento instantâneo nas vendas, mas notaram que o cenário do skate está aumentando há um tempo em Campo Grande.
Há 25 anos no cenário, Helmut Dente, proprietário da Toys Skateboard Shop, acredita que com a força das redes sociais, que ajudaram no surgimento da Fadinha e agora na divulgação do título olímpico, mais pessoas vão passar a querer aprender a andar e se envolver na cultura do skate.
“Já vinha tendo um crescimento muito grande porque o esporte em si estava em crescente. Com a Olimpíada a gente acredita que será um pico bem legal para a divulgação. Só que não é só a olimpíada, os atletas precisam de pista boa, qualidade de produto”, disse.
Marcelo Rizzi, sócio proprietário da Rema Boardhouse, destacou o mesmo ponto. Para ele, que anda de skate desde 1998, apesar de possuir espaços públicos com pista, corrimão e mais, Campo Grande é uma cidade aversa aos skatistas, que não possuem espaços variados dentro da cidade passiveis de ocupação.
“Os pontos estão extremamente defasados, tá precisando de reforma. A gente gosta de interagir com a arquitetura urbana, porque a pista de skate foi construída com base na arquitetura urbana. Na pista de skate tem escada, tem corrimão, o caixote que é uma espécie de borda ou mureta, assimila um banco de praça. Então, se observar a pista, ela é um reflexo da rua”, relatou.
Mesmo com a atual precariedade na infraestrutura, relatada por integrantes da cena do skate, Campo Grande tem talentos que despontam a nível nacional, como Pedro Iti, primeiro a se profissionalizar dentro na região. Pedro se profissionalizou o início de 2015, passando o ano filmando parte de vídeo para honrar a conquista. Iti já foi patrocinado pela Toys e, atualmente, tem apoio profissional da Rema Board House, loja em que trabalha desde a inauguração em 2012.
Assim como Iti, outros skatistas vão nascendo e tomando forma dentro da capital, como o jovem Eduardo Neves, que chegou perto de garantir uma vaga em Tóquio, ao disputar a penúltima seletiva para os Jogos Olímpicos, a Dew Tour, que conta pontos para o ranking mundial e ocorreu entre 17 e 23 de maio, em Iowa (EUA).
Daniel Delgado, proprietário da Krash Street, destacou a potência de Mato Grosso do Sul para criar talentos do skate, como Iti e Eduardo, “A gente sempre teve talentos. Temo o Iti e o Neves, um moleque muito bom de técnica e está despontando aqui (em Campo Grande)”, disse.
O entusiasta do esporte, revela que a nível econômico o skate tem altos e baixos, hora muito bem e hora mais “calmo”. O que foi impactado diretamente pela Olimpíada, sendo que, na visão de Daniel, desde o anúncio da entrada oficial do skate nos jogos, o cenário sofreu uma crescente. “Desde o ano passado a gente já vem tendo uma procura um pouco maior do esporte. Quando as mídias de massa começam a falar do assunto, as pessoas já começam a criar uma curiosidade maior. Tanto é que no segundo semestre teve um crescimento recorde de vendas, foi muito forte”, contou.
Frederico Campos, cinegrafista e ministrante de oficinas de skate na capital, disse em entrevista à Rádio CBN CG que, mais que colocar o esporte em evidência, os jogos olímpicos ajudam a tirar o estigma de que andar de skate é coisa de “malandro” ou “vagabundo”. “Cria um novo jeito de ver o skate. Porque até então era apenas um estilo de vida. Veio para somar, agregar para o skate com competições, grandes patrocínios, investimento e vem para agregar, porque p skate é carente aqui no estado”, declarou.
Em média, para começam no esporte dentro da capital é preciso desembolsar de R$290 a R$310, contando apenas com o skate, já montado. Equipamentos como tênis, roupas e assessórios variam de preços e modelos, com muita variedade entre as lojas do setor.
Conforme Helmut Dente, para quem vai começar a dica principal é investir em bons equipamentos, o que não significa desembolsar um valor alto. O ponto principal, segundo Rizzi, é se atentar ao tamanho e sustentação do shape conforme a altura e peso de quem irá utilizar.