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"Não podia ter posicionamento, pensar em nada", destaca vítima de relacionamento abusivo

Críticas desmedidas e ciúmes são algumas das características desse tipo de relação

"Não podia ter posicionamento, pensar em nada", destaca vítima de relacionamento abusivo - Foto: Ilustração
"Não podia ter posicionamento, pensar em nada", destaca vítima de relacionamento abusivo - Foto: Ilustração

“Eu vivi o meu primeiro relacionamento abusivo dos 15 aos 18 anos. Não conseguia sair, não podia ver as minhas amigas. Até para fazer trabalho da faculdade ele ficava cuidado, ficava me ligando de hora em hora para saber onde eu estava”. O relato é de uma mulher de 23 anos, que prefere não se identificar. Ela contou à CBN Campo Grande sobre relacionamento abusivo que sofreu ainda na adolescência. 

Segundo a vítima, ela era impedida de expressar suas opiniões já que o ex-namorado considerava seus argumentos como “infantis”. Situação parecida também foi vivida por outra sul-mato-grossense – que também pediu para não ser identificada. “Eu o conheci na igreja e, a princípio, ele era um príncipe […]. Até que aos poucos ele foi demonstrando muito ciúmes, até na igreja mesmo. Estávamos na igreja e um dia ele olhou para mim e disse ‘você estava olhando para aquele cara’ e era um senhor, que trabalhava na igreja inclusive”, relata a jovem.

Ambos os relatos se tratam do mesmo tipo de relação, a abusiva. Para identificar esses relacionamentos, de acordo com a psicóloga clínica Andrea Brum Cunha, é necessário que a pessoa saiba o que faz bem a ela e o que está tendo efeito contrário. “Eu preciso primeiro saber o que eu gosto, ouvir o que me faz bem. Por muito tempo foi considerado normal você não ser bem tratada. Então, assim, quando eu começo a perceber que eu estou chateada, que aquilo não me faz bem, eu já tenho que dar um ‘passinho para trás’ e falar ‘opa, o que está acontecendo?’”, explica a psicóloga, que ainda destaca que críticas desmedidas também fazem parte desse tipo de relação.

As duas jovens conseguiram sair de relacionamentos abusivos, mas relataram ter dificuldades para confiar em outras pessoas e não repetir em outras relações o que viveram anteriormente.

MUDANÇA

Visando mudar esse cenário de violência contra a mulher, seja ela física ou psicológica, a vereadora Camila Jara (PT) protocolou na semana passada o projeto de Lei “Namoro sem Violência”, que pretende levar para as escolas a discussão sobre o assunto. Segundo a parlamentar, o objetivo é prevenir a morte das mulheres. “A gente entende que precisa trabalhar muito na prevenção e mudança de perspectiva, mesmo dessas pessoas, para que a gente consiga lá na frente colher uma sociedade onde as mulheres não são mortas simplesmente pelo fato de serem mulheres”, explicou a parlamentar.

O projeto ainda deve tramitar na Casa de Leis e enquanto isso ocorre é bom destacar que relacionamento tem que ter respeito e em caso de violência ligue 180.