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Pantanal

Trânsito de caminhões acende alerta para atropelamentos diários de animais silvestres

DNIT avalia que atualmente há 400 veículos pesados transitando em trecho mais sensível todos os dias

Trânsito de caminhões acende alerta para atropelamentos diários de animais silvestres - Foto: Divulgação/IHP
Trânsito de caminhões acende alerta para atropelamentos diários de animais silvestres - Foto: Divulgação/IHP

A BR-262, em trecho entre Anastácio e Corumbá, passa por um problema crônico que é a morte de 5 animais silvestres por dia, em média. Essa estimativa é feita por entidades que atuam na defesa do meio ambiente na região do Pantanal. Os animais mortos acabam sendo atropelados principalmente por caminhões. O trânsito nesse trecho da rodovia tem aumentado consideravelmente desde meados de 2020 por conta do escoamento da extração de minério em Corumbá.

Essa carga costuma ser levada por hidrovia, porém o Rio Paraguai está com níveis cada vez mais baixos, dificultando a condição de navegabilidade. Régua de medição na Marinha do Brasil em Ladário indica nível negativo. Conforme apurado com a Embrapa Pantanal, que faz estudo sobre o nível do rio, as condições de navegação caminham para situação crítica e a hidrovia está em risco de ser fechada para as embarcações com cargas. Algo que, em 2020, ocorreu em outubro e só houve retomada em janeiro de 2021.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) está definindo projeto de sinalização de trechos mais críticos na BR-262 e as empresas de mineração instaladas em Corumbá devem custear a sinalização de alertas. A medida é uma forma de tentar evitar a mortalidade das espécies silvestres.

“Durante a elaboração dos projetos de infraestrutura, o DNIT realiza levantamentos e monitoramentos para identificar quantos e quais animais vivem nas regiões onde os empreendimentos serão implantados. Além de possibilitar o conhecimento da biodiversidade local, esses levantamentos identificam as espécies animais que podem ser utilizadas como bioindicadoras de qualidade ambiental. Equipes de biólogos e veterinários acompanham as frentes de obra para afugentar os animais silvestres do local, remover os que possam não ter se retirado e resgatar os feridos para tratamento e correta destinação”, divulgou a autarquia federal.

Para o DNIT, a média diária de caminhões nesse trecho entre Corumbá e Anastácio é de 400 veículos por dia. Porém, esse tráfego deve aumentar com o fechamento da hidrovia para transporte de cargas.

O órgão federal responsável por administrar a BR-262 informou em junho que faz monitoramento da fauna próxima às pontes de vazantes da rodovia e já identificou que entre os animais que atravessam a rodovia estão tamanduás, jaguatiricas, onças pardas, antas, entre outros. Entidades que atuam na defesa do meio ambiente, como o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) divulgaram recentemente que é urgente o alerta para evitar mais atropelamentos.

Há licença de instalação na rodovia em trecho que atravessa o Pantanal. O documento é o de nº 733, de 2010. Nele estão previstas medidas de proteção e resguardo dos animais silvestres e é o DNIT o responsável por aplicar essas políticas. De acordo com pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) no trecho mais sensível, as mortes atingem até 88 espécies de animais silvestres.

Em 2018, já houve ação do Ministério Público Federal contra o DNIT para cobrar mais medidas de proteção e segurança aos animais na rodovia. Entre as obrigações impostas estavam instalação de cercas e implantação de radares. Até hoje há cercas em alguns trechos que dificultam a travessia de animais de um lado da pista para o outro. Porém, ao longo da rodovia há trechos que os radares de redução de velocidade não estão mais instalados nos postes de sustentação.