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Mercado De Trabalho

Cresce número de idosos contratados em MS

Segundo Funtrab, foram 998 empregos com mais de 50 anos em 2021, contra 961 em 2020

- Foto: Ilustração/form PxHere
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O número de idosos contratados para a força do trabalho sul-mato-grossense cresceu 3% de 2020 para 2021. Conforme dados da Fundação do Trabalho do estado (Funtrab), foram 998 neste ano, frente aos 961 do ano anterior, somadas também pessoas entre 50 e 60 anos. Em Campo Grande, o aumento foi ainda maior. Foram 33% a mais no período, de acordo com a Fundação Social do Trabalho (Funsat).  

Aos 69 anos de idade, dona Ana Maria Ferreira faz parte dessa estatística. Esbanjando alegria e vontade de viver, ela conta que foi depois de vencer um câncer que surgiu a ideia de colocar os conhecimentos culinários em prática e a mão na massa.

“Num domingo, eu conversando com meu filho, ele disse pra mim ‘sabe o que eu tinha vontade de colocar pra vender aqui em Campo Grande algo que não tem que é língua ao molho madeira com purê de batata, rabada com polenta, uma dobradinha sem gosto de bucho’ aí eu disse pra ele que sabia fazer. Depois de sair dali pensei ‘vou fazer isso, vou trabalhar com esses três pratos”.

Segundo a psicóloga Patricia Onório, há dois principais motivos que explicam o retorno de pessoas que já se aposentaram ao mercado de trabalho: a necessidade financeira e o sentido da vida.

“Num país como um nosso, com dimensões continentais e desigualdade social gigantesca, faz muita diferença você se aposentar em grandes centros, como São Paulo, ou no Norte e Nordeste do país. Então muitas pessoas voltam porque não tem condição de se sustentar só com a aposentadoria. Mas outras, que não precisam do retorno financeiro, querem dar sentido à vida, se sentirem úteis nesse momento em que não há tantas obrigações”.  

Arão Coelho Salgado se encaixa na segunda opção. Aos 72 anos de idade e aposentado como auditor fiscal, ele nunca parou de trabalhar em empresas e aproveitou a pandemia para aprimorar os conhecimentos por meio de cursos.

“Estou fazendo um projeto mais específico para a terceira idade, que até coloquei o título de ‘Arão Salgado vivendo 70 em 10’, ou seja, para caminhar os próximos 10 anos com altivez, olhando para frente e sendo útil para as pessoas e para minha própria vida”.

Entre cursos e capacitações, Arão conta com a companhia da esposa, que tem 65 anos de idade. O casal e a dona Ana são exemplos de quem descobriu na “melhor idade” projetos que ainda podem ser colocados em prática. Mas e quem ainda não chegou nela, será que tem se preparado? A psicóloga explica que há uma mudança de comportamento social nesse sentido.

“Há um movimento de percepção de que essa terceira fase da vida se estendeu. Se nós tínhamos uma expectativa de vida muita baixa, onde aos 60 anos as pessoas já poderiam ser consideradas idosas e no fim da vida, hoje esse prazo foi estendido em uma, duas décadas para aumentar esse tempo”.

 

Planos para o futuro

A teóloga Raquel Pricilla Rissete Franco, sente orgulho de contar a idade. Com 56 anos, ela segue a linha de comportamento descrita pela psicóloga. No ano passado, chegou a iniciar, junto com a filha, o curso de psicologia, mas devido à falta de tempo precisou trancar a faculdade. Para esperar a chegada da terceira fase da vida a preparação veio há pouco tempo, mas para o futuro, Raquel conta que há muitos planos já feitos com o marido.

“Se só por que eu cheguei aos 60 parar de trabalhar? Não tem motivo. Eu continuo com esse vigor e quero ir adiante e eu e meu esposo temos também planos, não só para agora, mas para depois quando chegar os 70 anos”, relata.