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Pesquisadora que estuda o uso do Pantanal de forma sustentável ganha prêmio internacional

Unesco concede premiação para valorizar o papel da mulher na ciência e só sete pessoas recebem reconhecimento no Brasil

Pesquisadora que estuda o uso do Pantanal de forma sustentável ganha prêmio internacional - Foto: Arquivo Pessoal
Pesquisadora que estuda o uso do Pantanal de forma sustentável ganha prêmio internacional - Foto: Arquivo Pessoal

A pesquisadora Letícia Couto Garcia, de 39 anos, recebeu o prêmio “Para Mulheres na Ciência” pelo trabalho desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em Corumbá. A cientista atua diretamente em medidas que permitam a proteção do Pantanal e o uso do bioma de forma sustentável.

O prêmio é concedido anualmente pela Unesco, pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pela empresa L’Óreal e busca valorizar, ao mesmo tempo ressaltar o trabalho da mulher para o desenvolvimento no país em diferentes áreas, como Matemática, Física, Química e Ciências da Vida, categoria que o trabalho de Letícia foi incluído.

A laureada recebeu uma bolsa de R$ 50 mil, que pode ser usada tanto para o investimento na própria pesquisa como em outras frentes.

A coordenadora do Laboratório de Ecologia da Intervenção, da UFMS campus Pantanal, apontou que sua pesquisa ainda tem muito campo para passar por desdobramentos. “Temos muito espaço para avançar, pois fizemos uma revisão sobre o conhecimento existente de Ecologia da Restauração no país, que demonstrou que praticamente inexistem informações dessas ações no Pantanal, sendo necessária atenção a fim de otimizar os esforços, ou seja, fazer restauração com o melhor custo-benefício econômico, ambiental e social”, detalhou.

A pesquisadora reforçou que ainda é necessário muito trabalho para promover o desenvolvimento sustantável no Pantanal. “Uma revisão global sobre avaliação do sucesso de projetos de restauração demonstra a falta de estudos que avaliem aspectos socioeconômicos, sendo que o envolvimento social é um elemento-chave para o sucesso do processo de restauração.”

Com o prêmio recebido, ela explicou que irá investir para cobrir despesas que ficam pendentes. Ela reconheceu que nem sempre há recursos disponíveis para garantir o avanço da pesquisa. O dinheiro também vai ser revertido para divulgação dos resultados obtidos.

Natural de Minas Gerais, Letícia veio fazer curso de campo na UFMS e visitou o Pantanal. Na época, era aluna do mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais. “Me apaixonei pelo Pantanal e depois, ao vir morar em Campo Grande, sempre busquei oportunidades de aprofundar o conhecimento da restauração desse bioma, o que foi possível como professora da UFMS. Essa necessidade ficou clara após o estudo do nosso grupo de pesquisa que detectou que com avanço do desmatamento vindo do planalto, que é o entorno do Pantanal, em direção à planície, área mais inundável, está formando um arco de conversão, semelhante ao ‘arco do desmatamento’ da Amazônia”, detalhou.

Esse levantamento feito pelo grupo que a pesquisadora integra sinalizou que as nascentes estão sendo muito prejudicadas e precisam de cuidado para restauração, caso contrário a qualidade e o fluxo de água da planície ficará negativamente afetado.

Além de Letícia, outras seis mulheres foram laureadas com o prêmio: Marta Giovaneti (Fundação Oswaldo Cruz, vigilância genômica de vírus); Thaísa Sala Michelan (Universidade do Pará, plantas aquáticas amazônicas); Lílian Silva Catenacci (Universidade Federal do Piauí, integração entre a saúde humana e de outros animais); Fernanda De Bastiani (Universidade Federal de Pernambuco, mapeamento de casos, mortes e incidência de covid-19 em Pernambuco); Ingrid David Barcelos (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, reflexão da luz nos poros da pedra-sabão para melhorar eficiência de chips de computadores e celulares); Ana Cecília Albergaria-Barbosa (Universidade Federal da Bahia, poluentes na Antártida).