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Estiagem

'Estamos conversando com produtores para definir ações', diz Tereza Cristina

Seca extrema derruba previsão de produção da safra e produtores precisam recorrer ao seguro rural para mitigar perdas

Ministra da Agricultura sobrevoa áreas críticas que sofrem com a estiagem - Reprodução Assessoria
Ministra da Agricultura sobrevoa áreas críticas que sofrem com a estiagem - Reprodução Assessoria

Aministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, esteve em Mato Grosso do Sul nesta semana para visitar áreas críticas que sofrem com a estiagem. Naviraí, um dos municípios sul-mato-grossenses com maior impacto da escassez de chuva nas lavouras de soja e milho, recebeu a comitiva liderada pela ministra. Acompanharam ela na visita técnica, os secretários Jaime Verruck (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) e Eduardo Riedel (Secretaria de Estado de Infraestrutura). 

Nos últimos dias, a equipe do Mapa, liderada pela ministra Tereza Cristina, esteve no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná e, em Mato Grosso do Sul, e se reuniu com produtores afetados pela estiagem. Em Ponta Porã, a ministra destacou que o foco no momento é garantir que os produtores, atingidos pela seca, tenham condições de plantar a safrinha, principalmente de milho.

A equipe da CBN Campo Grande conversou com Tereza Cristina e traz os principais destaques da entrevista que pode ser ouvida no portal RCN67. 

Qual a importância de estar em campo e conversar com os produtores rurais, neste momento de crise na produção? 

ministra É fundamental porque a gente acompanha os números do clima, as imagens de satélite, mas é bom vir aqui ver. São várias situações porque você tem uma seca que, às vezes, atinge um pedaço do município. Já em outros lugares, é o município todo. As perdas são muito variadas, então, a gente vem, toma conhecimento de quais os problemas que os produtores têm. Se é de crédito ou de infraestrutura. Enfim, a gente vem para ver  e saber o que eles estão precisando, como é que a gente pode ajudá-los a diminuir essas perdas. A safra brasileira que está plantada, dependendo do tamanho do Estado, vai variar em níveis de perda. Temos situações extremamente diferentes em cada local. 

A partir deste levantamento que está sendo feito pela equipe, quais serão as principais ações do ministério para ajudar produtores rurais afetados pela estiagem? 

ministra Estamos no começo. Fui no Rio Grande do Sul, depois a Santa Catarina e Paraná, onde as perdas são muito grandes e também é uma área muito importante de produção. Agora, estamos em Mato Grosso do Sul e depois iremos debater em Brasília as ações, levando em conta tudo que a gente recebeu de prefeitos, produtores, das associações e das nossas superintendências que estão muito ativas, e acompanham todo este processo de estiagem. O monitoramento é constante. É importante ressaltar que as ações não sairão somente do Ministério da Agricultura, elas podem vir de outras pastas também, como a da Cidadania, por exemplo. Nós temos alguns pedidos de melhora no seguro rural para que possa atender mais produtores. Temos também pedidos a respeito do endividamento, a prorrogação de dívidas que estão vencendo e que alguns produtores não conseguem pagar e não querem ficar inadimplentes. Então aí, temos algumas ações junto ao Banco Central, junto a economia. É um conjunto de medidas que vão ser tomadas, mas é preciso avaliar tudo que o governo federal pode fazer. E não só o governo federal, mas também os governos estaduais e os municípios.

Ministra essas medidas são tomadas de forma imediata, mas o que pode ser feito a longo prazo para enfrentar essa estiagem? Há uma previsão de normalização dessa questão climática? 

ministra Olha, a gente tem aí um acompanhamento hoje muito mais de perto. Nestes últimos dois anos temos um supercomputador que faz previsões mais a longo prazo. Estamos passando por um momento de seca envolvendo o fenômeno “La Niña”, que desde o ano passado traz uma estiagem forte para algumas regiões do Brasil e chuva forte para outras, como é o caso das precipitações na região Sudoeste, Norte, na Bahia e Minas Gerais. Essas regiões tem sofrido justamente o oposto que sofre Mato Grosso do Sul. O Rio Grande do Sul vive, pela terceira safra seguida, a falta de chuva. No Paraná, a situação é nova, fazia muito tempo que não tínhamos uma seca tão violenta no oeste paranaense. E também o próprio Mato Groso do Sul, que não tinha secas tão consideráveis, apenas mais pontuais, como em Eldorado, no ano passado e também Japorã, no sul do Estado. A gente tem algumas previsões e nós vamos agora monitorar e passar para os estados as previsões que o Inmet tem feito para o produtor tomar a melhor decisão sobre em qual tempo ele deve plantar, e o que deve plantar. Temos também a Embrapa acompanhando algumas alternativas para a região Sul. Nós estamos discutindo também um trabalho para Mato Grosso do Sul, região que tem sido mais afetada pela estiagem. Enfim, em cada estado a situação é única, mas temos o Ministério se colocando para resolver esses assuntos. 

Como está a questão do seguro rural?

ministra Quem tem seguro está garantido. O seguro não cobre 100%, né? Mas possibilita o produtor ter um grande auxílio para mitigar as perdas. O grande problema é aquele produtor que não fez o seguro, vamos ter que fazer um trabalho de estender os parcelamentos e facilitar condições e prazos. 

O Ministério trabalha já com a possibilidade de uma quebra de safra? Como isso prejudica o abastecimento do país? 

ministra Olha, é claro que tem uma quebra de safra, a gente não pode falar ainda o tamanho dessa quebra porque tem os municípios que perderam 100%. Alguns que perderam 40% e outros que perderam 20% e por aí vai. Ainda não dá pra saber, estamos com nossas equipes de campo da CONAB que fazem esse levantamento, então precisamos passar por esse estágio de coleta de dados para depois fazer a estimativa correta. Se chover por agora, nós conseguiremos recuperar ao menos 10%/20% das lavouras, dependendo do estágio da planta. Ainda não conseguimos falar o tamanho desta realidade nos estados.